“Poupar para a reforma, em Portugal, é cada vez mais urgente, tanto mais que a esperança média de vida continua a aumentar e o valor das pensões a diminuir”, frisa a DECO em comunicado divulgado esta sexta-feira.

“Face à queda das pensões do Estado, é imperativo que os portugueses mudem o seu planeamento financeiro e que se criem novas políticas de proteção social”, vinca.

A associação realça que as pensões tiveram, este ano, um aumento máximo de 3,85 por cento, mas que as projeções da Comissão Europeia indicam que a taxa de substituição das pensões em Portugal cairá drasticamente.

“Segundo o Ageing Report 2024, a pensão média nacional deverá passar de 69,4 por cento do último vencimento para 38,5 por cento em 2050, caso não sejam implementadas reestruturações no sistema de Segurança Social”, avisa.

Por essa razão, “impõe-se planear antecipadamente a reforma para garantir um nível de vida digno, semelhante ao da idade ativa”, explica a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor. A DECO explica que a principal ameaça à sustentabilidade do sistema de
pensões é o envelhecimento da população, associada à baixa natalidade.

“Poupar para a reforma deve ser encarado como um objetivo ao longo de toda a vida ativa, iniciando-se logo que se entra no mercado de trabalho: quanto mais cedo se começa, mais leve é o esforço. Pequenas poupanças regulares, decisões informadas e escolhas adequadas ao perfil de cada um fazem toda a diferença”. 

O facto de muitos portugueses não terem poupança complementar, desconhecerem como funciona a sua futura pensão e continuarem a ver a reforma como “um tema tabu” também impede que construam um fundo para o futuro.

Atualmente, chegada a idade da reforma, os agregados familiares têm em média quatro créditos ativos e vários cartões de crédito. “As prestações mensais totalizam cerca de 680 euros face a um rendimento líquido médio de 1.150 euros, o que representa uma taxa de esforço próxima dos 60 por cento, muito acima do limite recomendado de 35 por cento”, refere o comunicado.Que mudanças?

Para que os portugueses mudem o modo como pensam na reforma, a DECO propõe a implementação, pelo Estado, de programas de literacia financeira, o apoio independente nas escolhas de poupanças e produtos financeiros e o direito social à poupança como prioridade de política pública.

Sugere ainda a criação de incentivos fiscais progressivos que beneficiem todas as faixas de rendimento, tornando a poupança mais acessível; a promoção de produtos de poupança simples, claros e transparentes, sem taxas escondidas; e a redução da carga fiscal sobre os depósitos a prazo.

Assim, espera a DECO, será possível “mitigar as dificuldades e desafios que as gerações mais jovens enfrentarão num futuro não tão longínquo quanto parece”.

“Preparar a reforma hoje é assegurar a dignidade do amanhã”, acrescenta.