Lucros das instituições financeiras mantêm-se fortes apesar de um contexto em que os custos sobem mais do que as receitas. A rentabilidade está em máximos.

Os três grandes bancos privados apresentaram os seus resultados dos nove meses do ano esta semana. O BCP reportou o maior lucro dos três, se olharmos para as contas consolidadas, ao obter 775,9 milhões de euros, mais 8,7% que um ano antes. A rentabilidade medida pelo ROE (return on equity) ascende a 14,5%.

Já o Santander Portugal registou um lucro de 728,2 milhões até setembro, caindo 6,4% num ano. Mas se compararmos com o BCP em Portugal (uma vez que nem o Santander Totta nem o Novobanco têm resultados de atividade fora de Portugal), o banco liderado por Pedro Castro e Almeida é o que tem os resultados líquidos mais altos, já que o BCP. na atividade doméstica, teve lucros de 606 milhões de euros, subindo 8% face ao mesmo período de 2024.

O Novobanco, por sua vez, reportou nos primeiros nove meses do ano um resultado líquido positivo de 610,5 milhões de euros, em linha com o lucro de 610,4 milhões do mesmo período do ano passado.

Em rentabilidade o Santander Totta lidera com 32% de RoTE (Return on tangible equity) e o Novobanco também usa o RoTE e reporta 21,6%.  No caso do BCP, a rentabilidade medida pelo ROE fixou-se em 14,6%.

Olhando para a comparação dos três bancos há em comum a subida da carteira de crédito, a subida dos depósitos e a degradação do rácio de eficiência medido pelo rácio dos custos sobre as receitas.

O crédito e os depósitos sobem em média mais de 6%. No crédito, os empréstimos à habitação para jovens com direito à garantia publica deram um impulso ao negócio da banca.

A qualidade da carteira de crédito medida pelos rácios de NPL e NPE (Non-Performing Loans e Non Performing Exposure), vulgo crédito malparado, continua a ser um ponto forte dos bancos portugueses, sendo que aqui o pior é o Novobanco cujo rácio é mais do dobro dos seus pares (3,2% contra 1,6% do BCP e 1,4% do Santander).

O custo do risco de crédito está a melhorar (a cair em todos). Por isso parte dos resultados deve-se à constituição de menos imparidades e nalguns casos libertações de provisões (custo do risco negativo). Na conta de resultados e numa altura em que a margem financeira revela alguma estabilização, a maioria dos bancos registou subidas do produto bancário.
A receita de juros (margem financeira) subiu em todos os três bancos, menos no Santander e as comissões também.
A tendência de estabilização da margem está para durar, pois o Banco Central Europeu já disse que mantém a taxa de juro principal em 2% e assim deve ficar até 2027.
O Santander Totta é dos três bancos o que revela pior evolução da conta de resultados. É o único com
os lucros em queda, é o único com queda do produto bancário (-11,6%). quando o BCP sobe 5% e o Novobanco 1%. O banco liderado por Pedro Castro e Almeida viu a receita da margem financeira cair 17,3%, quando o BCP registou uma subida de 2,6% e o Novobanco de 6,5%.

As comissões subiram em todos, com destaque para o Novobanco que carregou nesta rubrica para compensar a queda dos juros, registando uma subida de 10,7%.

Os outros dois registaram subidas de 2,1% (BCP) e 5,9% (Santander). No lado dos custos o BCP lidera com uma subida de 9,2%, segue-se o Novobanco com uma subida de 5% e o mais contido foi o Santander que viu os custos caírem 0,4%.