António Félix da Costa revelou pormenores sobre a última conversa que manteve com a Porsche antes de a separação entre ambas as partes ser oficialmente confirmada pelo construtor alemão. Após três temporadas marcadas por altos e baixos, o piloto português decidiu abandonar a equipa de Estugarda para ingressar na Jaguar, movimento que há meses vinha sendo especulado e que foi anunciado oficialmente no início de outubro.

A relação entre AFC e a Porsche foi complexa, com uma entrada difícil do piloto de Cascais na estrutura, que terá lançado o mote para os três anos com a equipa, onde foram vários os grandes momentos Félix da Costa, mas também vários os momentos de tensão e desconforto. Um exemplo disso ocorreu em 2024, após o teste surpresa de Nico Müller com a equipa alemã, quando o português ainda tinha contrato em vigor. No regresso à competição, da Costa venceu em Misano — vitória que viria a perder por desclassificação técnica — e mais tarde protagonizou uma série impressionante de quatro triunfos em cinco corridas, entre Berlim e Portland, garantindo assim a continuidade da parceria.

Apesar do potencial evidente, a colaboração nunca atingiu o patamar esperado, em parte devido a uma relação difícil com o colega de equipa Pascal Wehrlein nesta última época. Ainda assim, a saída deu-se de forma cordial, com ambas as partes a expressarem respeito mútuo.

Em declarações ao RacingNews365, AFC sublinhou que a separação decorreu sem ressentimentos e que a derradeira conversa com a equipa deixou-lhe uma sensação positiva.

“Não, não, nada disso”, respondeu da Costa quando questionado se queria provar algo à Porsche. “Houve conversas difíceis no final, mas fiquei muito satisfeito com a última chamada. Disseram-me que a porta estaria sempre aberta, que tentaram fazer o melhor por mim, assim como eu tentei fazer o melhor por eles. Sem ressentimentos. A última chamada deixou-me feliz; não posso apontar o dedo a ninguém. Continuam a ser uma equipa vencedora, apenas com uma forma de trabalhar diferente da minha. Não quero provar nada a ninguém — quero apenas fazer o meu trabalho, ser feliz, ganhar corridas e ir para casa com um sorriso. Procurar vingança só dá poder aos outros, e não é isso que quero.”

O chefe de equipa da Porsche, Florian Modlinger, corroborou as palavras do piloto português e destacou o caráter construtivo da conversa final:

“É sempre importante chegar a um acordo amigável. Gostei muito de trabalhar com o António e do que alcançámos juntos. No desporto motorizado, acabamos sempre por nos voltar a cruzar, é um mundo pequeno. Por isso, é essencial esclarecer tudo e terminar de forma amistosa.”