Projeções internacionais indicam que o mundo deve registrar um salto expressivo nos diagnósticos de câncer de fígado nas próximas décadas. Segundo estudo publicado na revista The Lancet, na segunda-feira (28), os registros devem crescer de 870 mil em 2022 para 1,5 milhão até 2050.
Mais de 60% desses casos estão associados a fatores que podem ser evitados. Entre os principais estão as hepatites virais — para as quais existe vacina —, o consumo excessivo de álcool e a doença hepática gordurosa, ligada a sobrepeso e sedentarismo.
Como conter o avanço das doenças no fígado?
O levantamento reúne dados de especialistas da China, Estados Unidos, França e Japão. Eles calculam que mudanças simples, como vacinação e hábitos saudáveis, poderiam evitar até 17 milhões de novos diagnósticos e cerca de 15 milhões de mortes nas próximas duas décadas.
O câncer de fígado é hoje o terceiro tipo mais letal no mundo. Para Valérie Paradis, professora do Hospital Beaujon (França) e líder do grupo, é necessário ampliar o alerta. “Comparado a outros tipos de câncer, o de fígado é muito difícil de tratar, mas apresenta fatores de risco que ajudam a definir estratégias específicas de prevenção. Com esforços conjuntos e contínuos, acreditamos que muitos casos podem ser prevenidos e que tanto a sobrevida quanto a qualidade de vida dos pacientes serão consideravelmente melhoradas”, afirmou em comunicado à imprensa.
Além das hepatites e do álcool, a doença pode ter origem em cirrose, fatores genéticos, contato com substâncias tóxicas e obesidade. A maioria dos pacientes não apresenta sintomas no início. Quando há sinais, os mais comuns são perda de peso sem motivo, falta de apetite, dor abdominal, náuseas, icterícia (pele e olhos amarelados), fezes claras, fadiga e inchaço.
Outro fator preocupante é a forma mais grave das doenças inflamatórias do fígado, chamada MASH. Ela deve crescer 35% até 2050, associada ao acúmulo de gordura no órgão, principalmente em pessoas com obesidade, diabetes ou doenças cardiovasculares.
Para Hashem B El-Serag, do Baylor College of Medicine (EUA), um dos autores do estudo, “o aumento das taxas de obesidade é um fator de risco crescente para o câncer de fígado, principalmente devido ao aumento de casos de excesso de gordura ao redor do fígado”. A presença de álcool também agrava a tendência. Casos relacionados ao consumo devem saltar de 19% para 21% até 2050.
Por outro lado, as hepatites B e C devem ter redução com o avanço da vacinação e dos tratamentos, mas ainda devem responder por mais da metade das ocorrências. A China concentra mais de 40% dos diagnósticos, reflexo da ampla circulação da hepatite B no país. A situação destaca a urgência da vacinação e do rastreamento precoce.
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