Quase 50 tentativas. Não é costume, mas foi o que foi preciso para que o ator irlandês Colin Farrell conseguisse, de ressaca e ainda parcialmente alcoolizado, dizer corretamente uma fala e permitir que as gravações do filme Minority Report prosseguissem — um comportamento que não deixou o parceiro de cena, Tom Cruise, particularmente feliz.

O episódio aconteceu em 2002, quando os dois filmavam o conhecido filme de Steven Spielberg, mais concretamente a 31 de maio, dia do aniversário de Farrell, contou o ator no talk show de Steve Colbert, entre risos.

Foi, segundo o relato de Farrell, “um dos piores dias” que já viveu num set de filmagens, neste caso aquele em que estava a filmar a história de um agente que usa um programa para prever homicídios — Tom Cruise é acusado de um homicídio que ainda não cometeu.

E foi um dos piores dias porque Farrell não queria trabalhar no seu aniversário, mas teve gravações marcadas para as seis da manhã. Isso não o impediu de festejar muito — e beber muito — no dia anterior, tendo acordado com o motorista que o ia buscar para trabalhar já à porta de sua casa, avisando-o de que já estava dez minutos atrasado para se encaminhar para o set de filmagens.

Foi lá que tentou, por 46 vezes, dizer a seguinte fala: “Tenho a certeza de que já perceberam o paradoxo fundamental da tecnologia pré-crime”. Ficou-lhe na memória, mas nesse dia estava incapaz de a dizer com convicção, logo a fala com que a cena que devia gravar arrancava. “O Tom não ficou muito contente comigo”, admitiu.

Como conta o The Guardian, três anos depois deste episódio Farrell deu entrada, por sua iniciativa, num centro de reabilitação para se curar do vício das drogas e do álcool. E por isso mesmo o ator esclareceu, apesar do bom humor enquanto contava a história e fazia Colbert rir-se: “Isto não é bom”.