A Assembleia Nacional francesa rejeitou esta sexta-feira o artigo que introduz o imposto Zucman sobre as grandes fortunas, reinvidicado pela esquerda, que visava taxar em dois por cento os franceses com um património superior a 100 milhões de euros. Segundo os dados disponíveis, 171 deputados votaram a favor e 228 votaram contra.
A versão “light” desse imposto proposta pelos socialistas também foi rejeitada.
A esquerda reagiu com indignação à rejeição deste imposto pelo Rassemblement National (RN), parte do bloco central e pela direita. O líder dos deputados socialistas, Olivier Faure, diz que não quer “que os franceses tenham de pagar o imposto que os bilionários não querem pagar”.
Já a sua homóloga da França Insubmissa, Mathilde Panot, critica que “o poder macronista recuse o mínimo de justiça social” e considera que “a única solução que resta é a censura do senhor Lecornu (primeiro-ministro) e a saída de Emmanuel Macron”.
Em “profundo desacordo” com a esquerda sobre o imposto Zucman, o primeiro-ministro francês considerou que não existe um “imposto milagroso”: “Não se pode fazer crer aos nossos concidadãos que existe um imposto milagroso para restabelecer a justiça fiscal”, afirmou Sébastien Lecornu.
Acusado pela esquerda não estar fazer “nenhuma cedência”, Sébastien Lecornu disse estar disposto a renunciar ao congelamento das pensões da reforma e dos mínimos sociais.
Mais cedo, a Assembleia Nacional aprovou por larga maioria um imposto sobre as holdings proposto pelo Governo, com 224 votos a favor e 10 votos contra.
“Acabará por ver a luz do dia”
Após o imposto Zucman ter sido rejeitado na Assembleia, o economista francês disse acreditar que a tributação das grandes fortunas estará no centro da campanha presidencial em 2027.
“Todas as batalhas deste tipo demoram tempo a ser vencidas. Será um tema
importante nas eleições presidenciais de 2027. Não estou desapontado,
porque acabará por ver a luz do dia”, reagiu Gabriel Zucman, no programa C à Vous na France 5.
Numa entrevista esta manhã ao programa “8h30 franceinfo” da France Info, o economista considerou que a rejeição de um “imposto
mínimo” para os ultra-ricos pela Assembleia Nacional “seria
incompreensível” e “irresponsável”, numa altura em que França precisa de colmatar o seu défice orçamental.
“Seria irresponsável porque, na atual situação muito degradada das
finanças públicas, precisamos que os ultra-ricos façam um esforço. Tanto
mais que são eles que hoje são menos tributados”, afirmou. “Seria incompreensível que os deputados rejeitassem este imposto mínimo, porque isso equivaleria a aceitar que os bilionários têm direito a pagar zero”.