O animal foi detetado pelas câmaras de foto-trapping, dispositivos automáticos que captam imagens de fauna selvagem através de sensores de movimento, e as imagens surpreenderam o fotógrafo. “Numa nova área que comecei a monitorizar há alguns meses, enquanto verificava uma das minhas câmaras de trilha, vi algo inacreditável…”, contou nas redes sociais.
A descoberta marcou o início de uma busca que durou vários meses e a que o fotógrafo dedicou todo o seu tempo livre, chegando a ponderar desistir.
“Estive prestes a atirar a toalha ao chão”, admite. “Mas numa manhã fatídica, depois de uma noite de chuva, ao caminhar como tantas vezes antes, vi ao longe uma forma branca que parecia irradiar luz própria.”
O momento ficou gravado na memória de Hidalgo, que descreve a experiência como “inesquecível”.
“Quando vi pela primeira vez o lince, com a pelagem branca como a neve e olhos penetrantes, fiquei paralisado. Senti-me incrivelmente afortunado por testemunhar aquele momento, por ver um ser tão magnífico no seu habitat natural. Esse encontro fez-me refletir sobre a importância da natureza e da conservação”, sublinhou.
Um lince que perde a cor
O coordenador do plano de recuperação do lince-ibérico de Andaluzia, Javier Salcedo, citado pelo jornal espanhol “El País”, revelou ter conhecimento da existência do animal. Trata-se de uma fêmea, batizada como “Satureja”, nascida em 2021. Segundo Salcedo, o animal nasceu com a coloração acastanhada, típica da espécie, mas recentemente adquiriu o tom branco, do qual se destacam as manchas.
Este não é o primeiro caso de um lince que perde a cor. Outra fêmea, em Córdoba, já havia apresentado a mesma condição de “Satureja”, recuperando a cor mais tarde. A mudança não afetou o comportamento do animal, que permanece saudável, alimentando-se e tendo ninhadas. “Isto [o registo de dois casos de perda de cor em linces] pode indicar a existência de algum tipo de hipersensibilidade(…) Detetámos este caso porque realizamos uma monitorização rigorosa dos linces, mas pode acontecer com outras espécies também”, adiantou o coordenador.
A associação pretende investigar o caso, mas as investigações preliminares indicam que poderá estar associado a causas ambientais e a stresse. “Não é albinismo nem leucismo [anomalias genéticas que se manifestam na ausência total ou parcial de melanina], estamos a investigar o que terá acontecido. Pensamos que pode estar relacionado com a exposição a algo ambiental”.