A embarcação a bordo da qual morreu o cabo Pedro Manata e Silva, no rio Guadiana, pertenceu a traficantes de droga. Segundo a Guarda Nacional Republicana (GNR), a P21 Palma foi apreendida em 2021 no âmbito de um processo-crime “numa situação de suspeita de atos preparatórios de tráfico internacional de estupefacientes”.
Pedro Manata e Silva, cabo de 50 anos, desempenhava funções em Portimão mas tinha ido reforçar a equipa de Vila Real de Santo António. Morreu na noite de segunda-feira, 27, após uma colisão no rio Guadiana entre uma lancha rápida tripulada por alegados narcotraficantes e o semirrígido da GNR. O funeral de Pedro Manata e Silva realizou-se esta sexta-feira em Lagos, onde residia com a mulher e dois filhos.
O semirrígido em que seguiam o cabo e outros três militares da GNR que ficaram feridos na sequência do embate sofreu “diversos danos ao nível dos flutuadores e da fibra, bem como na consola de governo e no vidro de proteção”.
Nem o casco nem os motores se partiram, segundo a GNR, “embora o plástico de proteção de um dos motores esteja danificado e os motores central e de estibordo apresentem danos mecânicos”.
“Estes danos provocam significativas limitações na manobrabilidade”, adianta a Guarda. “Apesar de os danos serem passíveis de recuperação, atendendo a que a reparação implicará uma despesa avultada, só após avaliação técnica e respetiva orçamentação será equacionada a viabilidade económica da reparação.”
Contudo, o Observador sabe que o subdestacamento de Vila Real de Santo António foi reforçado com mais embarcações, entre elas a lancha rápida Cassiopeia, que operava na região de Lisboa.
Os reforços ocorrem depois da colisão, mas também depois de este ano o Destacamento de Controlo Costeiro de Olhão ter ficado sem uma das suas embarcações: a lancha rápida Draco. Apesar de ter sido entregue um ano antes, a par de outras três lanchas rápidas distribuídas pelo Norte, Lisboa e Açores, a de Olhão foi enviada para a Grécia, para operar às ordens da Frontex. Isto apesar dos frequentes alertas de embarcações rápidas ligadas ao narcotráfico na zona do Guadiana.
A Draco “encontra-se projetada para a Joint Operation Greece 2025, sob a égide da Frontex, estando atualmente na ilha de Samos”, detalha a GNR ao Observador. “Esta embarcação integra o dispositivo de patrulhamento no âmbito do combate à criminalidade transfronteiriça na fronteira externa europeia. A sua projeção decorre dos compromissos assumidos pela Guarda aquando da aquisição de três embarcações CPB – Coastal Patrol Boat, através de fundos europeus.”
As operações de investigação no rio Guadiana continuavam esta sexta-feira, dias depois de terem sido detidos e libertados dois suspeitos. Os dois homens, que tinham sido identificados pela GNR, foram libertados após inquirição por parte da Polícia Judiciária (PJ), a quem cabe a investigação por homicídio qualificado e homicídio na forma tentada. Porém, foram constituídos arguidos num outro processo.
A lancha rápida dos alegados narcotraficantes foi encontrada ardida na margem portuguesa do Guadiana, horas depois da colisão fatal para o cabo Pedro Manata e Silva.
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