As autoridades israelitas continuam os esforços para encontrar e recuperar os restos mortais de 11 reféns mortos em Gaza. E a Cruz Vermelha confirmou que transportou para Israel, na noite de sexta-feira, corpos de três pessoas alegadamente sequestradas pelo Hamas em outubro de 2023.


Este sábado de manhã, o Exército israelita anunciou que, após as análises forenses, ficou concluído de que os referidos restos mortais não pertencem a nenhum refém. 

Todavia, Israel tinha sido previamente notificado de que o Hamas não estava seguro da identidade dos restos mortais, informação que não foi divulgada após a análise no Instituto forense de Abu Kabir, em Telavive.
Uma fonte militar já tinha afirmado à comunicação social, na sexta-feira à noite quando da entrega dos corpos, que não acreditava serem dos reféns.



Não é a primeira vez que Israel acusa o Hamas de devolver corpos que não correspondem a nenhum dos reféns em Gaza. O movimento islamita palestiniano culpa, por seu lado, Israel de dificultar os esforços na procura dos restos mortais, inclusive de bloquear a entrada de máquinas pesadas necessárias para limpar áreas coberta de escombros.


De acordo com a Al Jazeera, a maioria dos reféns israelitas estava vigiado por guardas e, no decorrer do conflito, os corpos ficaram debaixo de escombros, podendo ter-se misturado. Além disso, não há como testar o ADN dos restos mortais em Gaza, pelo que pode haver trocas ou até mistura de partes dos corpos de diferentes pessoas.

Os últimos cadáveres de reféns israelitas foram entregues na quinta-feira e identificados como pertencendo a Amiram Cooper, de 84 anos, e Sahar Baruch, de 25 anos, segundo o gabinete do primeiro-ministro.

No âmbito do cessar-fogo, o Hamas libertou os 20 prisioneiros que permaneciam com vida, em troca de 2.000 detidos e presos palestinianos. Entregou também os corpos de 17 reféns, mas ainda restam 11 no enclave, que Israel continua a procurar.



Por seu lado, Israel devolveu à Faixa, sob mediação da Cruz Vermelha, 225 cadáveres de cidadãos de Gaza, muitos com sinais de abusos e de tortura ou carbonizados, segundo imagens divulgadas pelo Ministério da Saúde, para facilitar a identificação, e denúncias de fontes médicas e do Hamas.


O Hamas entregou já 17 corpos de 28 reféns mortos, que aceitou entregar no âmbito das tréguas negociadas pelos Estados Unidos com Israel. Entre os 17 corpos, figuram os de 15 israelitas, um tailandês e um nepalês.


Hamas pede ferramentas

O Hamas manifestou, já este sábado, a intenção de recuperar os 11 corpos de reféns que permanecem em Gaza, mas pediu aos mediadores e à Cruz Vermelha que exerçam pressão para permitir entrada de maquinaria e pessoal.

“As Brigadas (al Qassam) apelam aos mediadores e ao Comité Internacional da Cruz Vermelha para que forneçam e preparem o equipamento e as equipas necessários para recuperar todos os corpos de uma só vez”, afirma o movimento islamita em comunicado.

O Hamas reiterou ainda a intenção de ultrapassar a “linha amarela” para recuperar os cadáveres, em referência ao perímetro que ocupa 53 por cento de Gaza e que continua sob controlo militar israelita.

Quanto aos restos mortais de três pessoas entregues durante a noite a Israel, o Hamas explicou que o fez “para não dificultar o processo de entrega”, mas sabia tratarem-se de restos mortais não identificados que poderiam não pertencer a nenhum dos reféns, informação que diz ter comunicado.

“Propusemos entregar três restos mortais não identificados, mas o inimigo recusou recebê-los e exigiu os corpos completos para análise. Avançámos com a entrega para prevenir qualquer reclamação israelita futura”, refere o comunicado.


C/agências