“De acordo com as minhas estimativas, cerca de 1.500 a 2.000 camiões estão atualmente retidos” do lado bielorrusso, referiu o vice-presidente da Associação de Transportadoras Rodoviárias da Lituânia, LINAVA, à BNS, a agência de notícias do Báltico.


Este será o resultado da resposta bielorrussa ao encerramento decretado esta semana por Vilnius. “Os bielorrussos detiveram todos os veículos lituanos e não os deixam sair (da zona fronteiriça)“, explicou.


Também se formaram longas filas nas fronteiras da Letónia e da Polónia, com muitos camiões impedidos de regressar a casa.




O governo lituano fechou quarta-feira, até 30 de novembro, as duas fronteiras que ainda mantinha abertas com a Bielorrússia, em Salcininkai e em Medininkai, para castigar Minsk por uma invasão de balões de contrabando, que considerou um “ataque”.

Milhões de euros em prejuízos
Sem colocar em causa as razões para a decisão para fechar as fronteiras, Tarasov criticou o seu governo, por não ter consultado ou avisado os camionistas sobre o plano de encerramento das rotas de transporte transfronteiriças.

Segundo o vice-presidente da LINAVA, um dia de inatividade para um camião custa cerca de 200 euros. Para um só veículo retido 10 a 15 dias na fronteira, os prejuízos podem ascender a cerca de 3.000 euros. Com cerca de 2.000 veículos actualmente retidos, os prejuízos totais poderão ascender a seis milhões de euros e poderão agravar-se se a Bielorrússia impuser restrições adicionais, como o estacionamento.




Tarasov lembrou os custos quando a Polónia fechou a sua fronteira com a Bielorrússia no início deste ano. 


Os camiões ali retidos só puderam regressar através de bilhetes polacos e foram obrigados a esperar em parques de estacionamento pagos, que custavam entre 40 e 100 euros por dia.

“A este ritmo, também enfrentaremos custos extra com estacionamento”, referiu.

Estarão ainda retidos na Bielorrússia 60 milhões de euros em activos, sendo que as perdas mensais geradas pela imobilização de camiões poderão ascender a 18 milhões de euros, acrescentou Tarasov.

Setor em risco

O líder da Associação de Transportadoras frisou que ainda não é claro quanto poderão vir a custar os encerramentos fronteiriços às empresas, uma vez que a Bielorrússia ainda não anunciou quaisquer medidas de retaliação.

“Está tudo muito incerto agora porque ainda não sabemos que contramedidas a Bielorrússia poderá tomar. Ainda não há respostas oficiais”, disse Tarasov à BNS. “Se a Bielorrússia responder com contramedidas, as perdas serão muito maiores”, disse.

De acordo com os dados fornecidos pela LINAVA, o setor da logística na Lituânia conta com cerca de 54.000 motoristas e 56.000 camiões.


Actualmente, a maior parte do trânsito de mercadorias com a Bielorrússia passa pela Polónia, mas Tarasov está preocupado com o futuro. A Lituânia poderá perder uma parte significativa do seu sector logístico, caso a Polónia reabra algumas das suas passagens fronteiriças com o país vizinho e Vilnius mantiver as suas encerradas.


“Se a Polónia abrir as passagens, como sinalizou, todo o tráfego provavelmente migrará para lá. Isso significaria que perderíamos completamente o nosso setor de logística – transporte, armazenagem, agenciamento de carga – e milhares de empregos“, afirmou.

“O sector dos transportes representa até 15 por cento do PIB da Lituânia. Acredito que poderemos perder sete a oito por cento”, acrescentou o líder da LINAVA.


Apelo por soluções


Vilnius tinha mantido até agora abertas as passagens de Salcininkai e de Medininkai, depois de ter encerrado as outras quatro em 2023 e 2024, na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia.

O governo lituano fechou-as esta quarta-feira, até 30 de novembro.

A decisão foi uma represália pela intrusão de balões de transporte de cigarros contrabandeados da Bielorrússia, denunciada por Vilnius e pela União Europeia como um “ataque híbrido”. Inúmeros voos e milhares de passageiros foram afetados pelos encerramentos temporários dos aeroportos de Vilnius e Kaunas, provocados recentemente por dezenas de balões que sobrevoavam o território lituano.


A 12 de setembro, a vizinha Polónia também fechou temporariamente a sua fronteira com a Bielorrússia, quando esta acolheu exercícios militares conjuntos com a Rússia. 


Desde então, reabriu apenas algumas das suas passagens de fronteira.


O primeiro-ministro polaco Donald Tusk admitiu entretanto que Varsóvia poderia reabrir duas passagens. A primeira-ministra lituana, Inga Ruginienė, garantiu quinta-feira que, após a decisão da Lituânia, a Polónia adiou esta reabertura.

Quinta-feira, a LINAVA instou o governo de Vilnius a trabalhar com os representantes empresariais para encontrar soluções imediatas.

Ruginienė, por sua vez, pediu às empresas que compreendessem a necessidade da decisão, prometendo manter o contacto com os representantes do setor.

Tarasov afirmou à BNS que a Linava ainda não tinha recebido um convite para negociações com o governo. “Até à data, não, não temos novidades”, disse.


O posto de controlo Šalčininkai–Byenyakoni está totalmente encerrado desde quarta-feira, enquanto o tráfego através da passagem Medininkai–Kamenny Log está restrito a diplomatas, portadores de documentos de trânsito simplificados, cidadãos lituanos que regressam ao país e às suas famílias, cidadãos da UE e da NATO e seus familiares, e residentes estrangeiros com autorização de residência ou vistos humanitários.