Se em alguns dias é mais fácil atingir as suas metas de passos do que noutros, ainda pode estar a proteger-se contra doenças cardiovasculares e morte prematura, de acordo com um novo estudo.

Para mulheres com mais de 60 anos, em particular, a média diária de passos ao longo de uma semana estava mais fortemente associada a um risco reduzido de doenças cardiovasculares e morte prematura do que o número de dias na semana em que as metas de passos foram atingidas, refere o autor principal do estudo, Rikuta Hamaya, professor de medicina no Brigham Women’s Hospital e na Harvard Medical School.

Níveis mais elevados de atividade física têm sido associados a uma vida mais longa e saudável. Como resultado, muitas pessoas têm como objetivo atingir um número maior de passos por dia para se protegerem contra doenças crónicas.

Contudo, pessoas diferentes seguem padrões diferentes de atividade. Algumas movimentam-se com bastante regularidade ao longo da semana, enquanto outras têm dias mais ativos do que outros, observou o estudo.

Estudos futuros poderão investigar qual o padrão de atividade física que é mais útil para obter passos suficientes ao longo da semana, mas a descoberta recente sugere que movimentar-se mais é útil para a longevidade — independentemente de como se distribuem os nossos passos, aponta Hamaya.

Quantos passos são suficientes?

Não existe um número mágico que as pessoas devam almejar quando se trata de contagem de passos.

Muitas pessoas que usam monitores de fitness consideram 10.000 passos como um sinal de que estão a fazer movimento suficiente por dia, mas esse número não se baseia em evidências sólidas, ressalta Sean Heffron, professor assistente de medicina na New York University Langone Health e no NYU Center for the Prevention of Cardiovascular Disease, num artigo anterior. Heffron não participou neste estudo mais recente.

Outros estudos sugerem que devemos apontar para os 7.000 passos por dia como um bom objetivo se está a tentar reduzir o risco de doenças cardiovasculares, demência, diabetes tipo 2, cancro, sintomas de depressão e morte prematura.

Mas o estudo mais recente, publicado a 21 outubro no British Journal of Sports Medicine, investigou os efeitos de diferentes limites de passos.

Este último estudo analisou particularmente mulheres idosas com uma idade média de 71 anos. Aquelas que atingiram 4.000 passos um ou dois dias por semana tiveram um risco 26% menor de morte por todas as causas e um risco 27% menor de morte por doença cardiovascular, em comparação com aquelas que não atingiram esse limite em nenhum dia da semana.

Conseguir um terceiro dia com pelo menos 4.000 passos mostra ser ainda melhor, com um risco 40% inferior de morte por qualquer causa.

“Acho que isso é importante, porque 4.000 passos por dia durante dois ou três dias por semana é muito viável, mesmo para idosos”, diz Hamaya.

Conseguir 5.000 a 7.000 passos por dia reduziu ainda mais o risco, de acordo com a pesquisa. No entanto, o principal fator de proteção contra doenças e morte prematura foi a média de passos ao longo da semana.

A atividade física está associada a um risco menor de doenças crónicas. foto Sorrasak Jar Tinyo/Moment RF/Getty Images

Mexer-se mais

Fazer mais movimento durante o dia não significa necessariamente reservar tempo para uma longa caminhada.

Se costuma andar de autocarro ou de metro, descer uma ou duas paragens antes e percorrer o resto do trajeto a pé também pode ajudá-lo a atingir os seus objetivos de condicionamento físico, referia Heffron no artigo anterior.

“Isso adicionará alguns minutos ao seu trajeto, mas cada um desses minutos será dedicado à atividade física”, sublinha Heffron. “Tudo isso acumula-se pouco a pouco ao longo do dia e da semana.”

Ou talvez caminhar não seja a sua forma preferida de se movimentar. Faça coisas que gosta, como dançar, jardinagem, jogar pickleball ou fazer caminhadas com um amigo, acrescenta.

Nem todos podem usar os passos como guia para a atividade física — especialmente aqueles que têm capacidade limitada para caminhar.

Para exercícios sentados, experimente andar de bicicleta manual ou fazer exercícios em cadeira com ou sem pesos, adianta Bishnu Pada Das, personal trainer certificado sediado em Calcutá, na Índia, numa reportagem anterior da CNN.