Na cerimónia de receção de João Lourenço no Palácio de Belém, no início de uma visita de três dias do Presidente angolano a Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que “os dois Presidentes estão permanentemente em contacto, traduzindo aquilo que é a realidade dos nossos povos”. “Fomos fiéis aos nossos povos, que estão em permanente contacto”, garantiu.
O Presidente da República notou que “temos em Portugal uma enorme, querida, respeitada e fecunda comunidade angolana, muito estável, que aumentou recentemente e sendo sempre uma das três primeiras comunidades em Portugal”.
“Necessitamos uns dos outros e sabemos que só ganhamos em tratarmo-nos bem uns aos outros, porque quem trate mal é maltratado”, assegurou ainda. E acrescentou: “Governantes e leis passam, mas os povos ficam”. As declarações de Marcelo Rebelo de Sousa surgem um dia depois de enviar a Lei dos Estrangeiros para o Tribunal Constitucional.
Marcelo saudou a presença dos “80 mil irmãos angolanos”, a viver e trabalhar em Portugal “em todas as áreas de atividades”. Mencionou os “estudantes, investigadores, artistas, gestores, empresários” e muitos mais. Destaca em concreto os angolanos que ocupam cargos no setor social, de cuidados formais e informais e ainda na Saúde.
“Os nossos irmãos angolanos sentem-se bem em Portugal e os nossos compatriotas sentem-se bem em Angola. E por isso em momentos cruciais sofrem por aquilo que são desafios comuns”, afirma ainda o Presidente.
Após o discurso de boas vindas de Marcelo, João Lourenço agradeceu ao Presidente da República o “sinal de amizade entre os dois países e entre os dois povos”. “Não podíamos deixar de fazer esta visita enquanto ainda é Chefe de Estado”, notou o Presidente angolano, notando que as relações entre Angola e Portugal nunca estiveram num nível tão alto e que o objetivo é mesmo o de melhorar.
“Angola está a comemorar os 50 anos da independência nacional. Viemos a Portugal para reforçar a cooperação entre os dois países”, lembrou.
João Lourenço agradeceu ainda que Marcelo tenha honrado Angola com a sua presença em várias ocasiões distintas e lembra que ele é o chefe de Estado que “mais vezes visitou Angola”.
“Agradecemos esta manhã, o facto de Portugal nos ter dado oportunidade de trabalhar a este nível, cimeiro, com o Presidente da República, como também a oportunidade do encontro que vamos ter de seguida com o primeiro-ministro e com o Presidente da Assembleia da República”, assinalou ainda.
No primeiro dia da sua visita — que se vai prolongar pelo fim de semana — o chefe de Estado angolano será o convidado de honra de um jantar oficial com o homólogo português, no Palácio da Ajuda.
Na qualidade de presidente em exercício da União Africana, João Lourenço reúne-se também neste primeiro dia de visita com o Grupo de Embaixadores Africanos acreditados em Lisboa.
A visita começa apenas um dia depois de Marcelo ter enviado a Lei de Estrangeiros para o Tribunal Constitucional, legislação sobre a qual João Lourenço já se pronunciou, admitindo que que existe “algum incómodo” em relação à mesma, tendo em conta a comunidade angolana em Portugal.