A Google pretende aprofundar a personalização dos seus serviços, permitindo que a sua inteligência artificial (IA) aceda a dados do Gmail e Drive. O objetivo é oferecer resultados de pesquisa mais relevantes, mas a iniciativa levanta inevitáveis questões de privacidade.
Google quer personalização que vai além das pesquisas
Para que a IA se torne a nossa principal aliada, é fundamental que esta nos conheça profundamente. Num novo passo para otimizar as pesquisas, a Google planeia permitir que o “Modo de IA” do seu motor de pesquisa aceda ao seu Gmail e aos ficheiros guardados no Drive. A promessa é a de entregar respostas “verdadeiramente personalizadas“, embora este possa não ser o único objetivo da empresa.
De acordo com o portal Bleeping Computer, a Google tem planos para integrar vários dos seus serviços com o “Modo de IA”, uma funcionalidade que tira partido do Gemini para proporcionar uma experiência de pesquisa mais conversacional. Numa entrevista, Robby Stein, vice-presidente de produto do Google Search, sugeriu que a empresa está a explorar formas de a sua IA aceder a conteúdos do Gmail e do Google Drive.
Anunciámos na conferência I/O uma futura oportunidade para os utilizadores optarem por uma experiência com personalização melhorada. Queremos que as pessoas possam ajudar a Google e os seus serviços a saber mais sobre si, para que possam ser mais úteis.
Afirmou Stein.
Embora não tenha mencionado diretamente o Gmail, Stein deu a entender que, se a IA conhecesse as marcas preferidas do utilizador, os locais que visita frequentemente ou um projeto escolar em preparação, seria capaz de realizar tarefas mais interessantes e úteis.
Este projeto já se encontra em curso, sendo um dos primeiros passos a implementação de um sistema para personalizar compras e obter recomendações de restaurantes através do “Modo de IA”. Estas funcionalidades são opcionais e podem ser ativadas através da secção experimental Labs.
O verdadeiro objetivo por detrás do acesso aos seus dados
A ideia de a Google utilizar os nossos dados para oferecer experiências personalizadas não é nova. A empresa fá-lo há mais de duas décadas, sendo este o pilar da sua estratégia de publicidade. Embora a pressão regulatória tenha forçado algumas mudanças e os utilizadores possuam hoje um maior controlo sobre a informação que partilham, a Google nunca deixou de a armazenar para a rentabilizar.
Com a ascensão da IA, a empresa procura agora aproveitar essa vasta quantidade de informação para alimentar os seus modelos de linguagem. Isto permitirá aos seus sistemas antecipar necessidades e identificar padrões complexos, muito para além do que os algoritmos tradicionais conseguem fazer. É por esta razão que a Google pretende interligar o Gmail, o Drive, o YouTube e outros serviços, de modo a oferecer uma experiência de pesquisa mais íntima e pessoal.
Para já, os detalhes concretos sobre esta integração são escassos. Robby Stein não revelou uma data de lançamento nem especificou o tipo de informação que o “Modo de IA” irá processar. Para os defensores da privacidade, esta funcionalidade pode representar uma séria ameaça, pelo que será crucial que a Google ofereça uma alternativa clara para que os utilizadores possam bloquear este acesso.
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