O programa Special Projects da Ferrari destina-se a conceber e a produzir isso mesmo: projectos especiais. Seja a pedido de clientes, que pagam verdadeiras fortunas por um carro mais exclusivo e a seu gosto, seja por decisão da própria marca, quando esta pretende fabricar uma versão específica em quantidades muito reduzidas para homenagear um modelo histórico ou um evento memorável, a Special Projects é a divisão da Ferrari que torna possível mesmo os sonhos mais irrealistas. A última criação deste programa extremo de personalização é o SC40, que foi concebido e produzido por encomenda de um cliente, desejoso de homenagear o saudoso Ferrari F40, lançado em 1987.
O F40 foi um dos mais marcantes modelos da casa do Cavallino Rampante, fabricado entre 87 e 96, período durante o qual saíram da linha de montagem 1311 unidades, transaccionadas a 852 milhões de liras, aproximadamente 400.000€. O que levou à popularidade do F40 foi o facto de ter sido projectado como um carro de competição, que foi minimamente “civilizado” para poder circular em estrada. O chassi era tubular em aço, reforçado aqui e ali com painéis em fibra de carbono, tudo para limitar o peso a cerca de 1200 kg, com o conjunto a ser animado por um 2.9 V8 biturbo que fornecia 478 cv. Mas é provável que uma das suas características mais conhecidas seja o facto de o capot frontal e traseiro se abrir por completo, expondo o chassi, a mecânica e até as suspensões, mais uma vez como se se tratasse de um carro de corridas.
O Ferrari F40 de 1987 com a sua característica abertura dos capots dianteiro e traseiro
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O cliente que encomendou o SC40 (e que o construtor mantém em segredo) terá solicitado um modelo capaz de honrar o F40, o que está longe de ser tarefa fácil, mas sem mais pormenores. A Special Projects surpreendeu-o com uma proposta com uma carroçaria específica para o SC40, diferente de todos os restantes modelos da marca, apesar de apresentar algumas soluções estéticas herdadas dos modelos mais recentes, como o Ferrari F80 e o 849 Testarossa. Mas herda igualmente características do F40 de há 38 anos, a começar por abrir por completo o capot traseiro.
O interior do SC40
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A base escolhida pela Ferrari para dar corpo ao SC40 foi o 296 GTB, um híbrido plug-in que tem como motor principal o 3.0 V6 biturbo, o mesmo “Hot V” que serve de base ao Ferrari 499P, modelo com que a marca transalpina disputa o Campeonato do Mundo de Resistência na categoria Le Mans Hypercar. O 3.0 V6 fornece 663 cv, mas é reforçado por uma unidade eléctrica com 166 cv, a qual é alimentada por uma bateria recarregável com uma capacidade bruta de 7,45 kWh. O resultado é uma potência combinada de 830 cv, o que lhe permite atingir 330 km/h e ultrapassar os 100 km/h em apenas 2,9 segundos, a que alia a capacidade de percorrer 25 km em modo exclusivamente eléctrico, performances que se mantêm no SC40.
Como termo de comparação, o F40 original pesava menos 350 kg do que o novo SC40 — em parte porque era 34 cm mais curto —, o que o levava a conseguir, com apenas 478 cv, rodar até aos 324 km/h e superar 100 km/h em 4,1 segundos. Onde o SC40 ultrapassa o F40 é no preço, pois, apesar de não ter sido anunciado, será certamente muito mais elevado do que o desportivo de 1987. Se tivermos em consideração os últimos one off concebidos pela Special Projects, o preço do SC40 deverá situar-se entre 3 e 4 milhões de euros.