Em declarações aos jornalistas esta tarde, o líder do PS apelou à responsabilidade do primeiro-ministro, mas não quis alongar-se em comentários sobre a demissão do presidente do Conselho de Administração do Hospital Amadora-Sintra.
“Eu apelei à responsabilidade do primeiro-ministro e volto a apelar à responsabilidade do primeiro-ministro porque ele é o primeiro responsável e o único responsável pela política do Governo para a área da saúde”, declarou José Luís Carneiro.

O líder parlamentar da Iniciativa Liberal defende, por sua vez, que a ministra da Saúde tem de decidir se tem as condições necessárias para fazer mudanças nesse setor. Mário Amorim Lopes acusou o Governo de não ter coragem para reformar o Serviço Nacional de Saúde.
“Não foi um caso, não são dois ou três. Quando é repetitivo há mesmo um problema de fundo, que não é de agora, é verdade. O Governo tem razão quando diz que os problemas vinham do Partido Socialista, mas a verdade é que o Governo, à data, ainda não tomou as decisões, ainda não teve a coragem para decidir e começar a reformar o sistema de saúde”, declarou esta tarde.
“Se a demissão da senhora ministra da Saúde resolvesse os problemas da saúde, nós seríamos os primeiros a sugerir tal demissão. Mas o que nós precisamos mesmo não é de mudar o ministro (…) mas sim mudar o sistema de saúde”, acrescentou o deputado.
O liberal frisou ainda que “o que a senhora ministra tem de decidir é se tem a capacidade para o fazer”.

Ventura diz que ministra nunca assume responsabilidades
Em declarações aos jornalistas no Algarve, André Ventura acusou a ministra da Saúde de nunca assumir responsabilidades. O presidente do Chega não pede diretamente a demissão de Ana Paula Martins, mas considera que a ministra é um ativo tóxico que nunca deveria ter entrado no Governo.
“Não pode haver mortes de pessoas que estão a contar com o serviço de saúde sem que ninguém seja responsável”, defendeu, acrescentando que o Governo “responsabiliza toda a gente menos a ele próprio”.
“Eu já vi a senhora ministra da Saúde aceitar responsabilidade de outras pessoas pela falha de atendimento do INEM, já vi aceitar pelos nascimentos fora dos hospitais e maternidades, e agora até por falhas de informação. Só há uma pessoa que nunca assume responsabilidade: é a ministra da Saúde”.
“Podem continuar a morrer pessoas, podem continuar a nascer bebés fora da maternidade, podem continuar a haver falhas de atendimento pelo INEM, pelas linhas de Saúde 24 e o Governo nunca assume responsabilidade”, declarou.

PCP contra “bodes expiatórios”
O PCP considerou grave a circunstância em que ocorreu a recente morte de uma grávida e do seu bebé no Hospital Amadora-Sintra, criticou o recurso a “bodes expiatórios” e responsabilizou o primeiro-ministro pela política de saúde.
Neste caso, assim como pela situação em geral do setor da saúde, o PCP “responsabiliza o Governo, desde logo o primeiro-ministro”, Luís Montenegro, defendendo, em contraponto, “uma alteração séria de política”, declarou o deputado Alfredo Maia.
“Há que remeter o que aconteceu e o que está a acontecer para os problemas de fundo que atravessam o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e que este Governo não só não resolve, como tende a agravá-los. Estamos a falar, desde logo, da falta de profissionais em número e com frequência que garantam o pleno funcionamento dos serviços”, indicou.

O deputado comunista contrapôs que é preciso “investir rapidamente e em força” no SNS, mas “não é isso que está a acontecer com este Governo”.
Interrogado sobre a atribuição de responsabilidades pela recente morte da grávida no Hospital Amadora-Sintra, o deputado do PCP respondeu: “Na sequência do apuramento que vier a ser feito dos factos, as responsabilidades devem ser devidamente atribuídas, sendo extraídas as consequências”.
c/ Lusa