Mustafa Suleyman, diretor de inteligência artificial (IA) da Microsoft, afirmou que a consciência é um fenômeno exclusivo de seres biológicos e que cientistas e desenvolvedores deveriam abandonar projetos que busquem reproduzir emoções humanas em máquinas. A declaração foi feita durante a Conferência AfroTech em entrevista à CNBC.
“Não acho que esse seja um trabalho que as pessoas devam fazer”, disse Suleyman. “Se você fizer a pergunta errada, acabará com a resposta errada. Acho que é uma pergunta totalmente equivocada”. O executivo tem se posicionado entre as vozes mais infleuntes do setor a criticar a ideia de uma IA consciente.
Líder de IA da Microsoft critica a busca por inteligência artificial consciente e diz que apenas seres biológicos podem sentir Foto: Divulgação
Cofundador da DeepMind, empresa adquirida pelo Google há mais de uma década, Suleyman escreveu em 2023 o livro The Coming Wave, em que discute os riscos da IA e de tecnologias emergentes e, em agosto deste ano, publicou o texto Devemos construir IA para as pessoas; não para ser uma pessoa, reforçando a visão de que a consciência não pode ser simulada.
Para o executivo, é importante distinguir entre a capacidade cognitiva da IA e a consciência humana. “Nossa experiência física de dor nos faz sofrer, mas a IA não sente tristeza quando experimenta ‘dor’. Ela apenas cria a aparência de experiência”, explicou.
Durante a AfroTech, Suleyman reforçou sua oposição à ideia de “consciência artificial” e anunciou que a Microsoft não vai chatbots com conteúdo erótico, postura que contrasta com a da OpenAI, de Sam Altman, e da xAI, de Elon Musk.
As declarações do executivo ocorrem em meio ao avanço de debates globais sobre os limites éticos da inteligência artificial. Em outubro, o governador da Califórnia, nos EUA, sancionou uma lei que exige que chatbots se identifiquem como IA e alertem menores de idade a fazer pausas durante o uso.
Apesar das críticas, Suleyman reforçou que a Microsoft vai continuar desenvolvendo assistentes “sempre a serviço do ser humano”, e mencionou o novo recurso Conversa franca, do Copilot, que promete estimular o pensamento crítico dos usuários.