Vishwash Kumar Ramesh não consegue esquecer aquela viagem de 12 de junho de 2025, quando o avião em que seguia, com mais de duas centenas de pessoas, se despenhou em Ahmedabad, na Índia. O homem de 39 anos, que tinha a companhia do irmão no voo, foi o único sobrevivente. “Eu tenho memórias constantemente. Estou sempre acordado. Durmo cerca de três a quatro horas. Sim, é um milagre eu ter sobrevivido, mas eu perdi tudo. Perdi o meu irmão, estou destroçado”, escreveu o britânico num comunicado citado pelo Guardian.
Quase quatro meses depois do desastre aéreo, o único sobrevivente admite que a morte do seu irmão “destruiu completamente” a sua família. “Deus deu-me a vida, mas levou-me, e à minha família, toda a felicidade”.
O Boeing 787-8 (que seguia de Ahmedabad para Londres) despenhou-se numa zona residencial pouco depois de descolar, colidindo também com uma universidade de medicina. Além dos 229 passageiros – 169 indianos, 52 britânicos, sete portugueses, um canadiano —, 12 tripulantes e dezenas de pessoas (em terra) morreram na sequência deste acidente: 260, no total.
Vishwash, que estava sentado junto a uma saída de emergência na parte da frente do avião, foi o único sobrevivente. Hoje, continua com dificuldades em falar sobre o que aconteceu, admitindo a dor de recordar a primeira memória depois da queda. Segundo o comunicado preparado com apoio de conselheiros, ainda nem conseguiu falar sobre esse momento com os mais próximos.
“A minha família tem-me dado um bom apoio. A minha mãe, o meu pai e o meu irmão mais novo ficaram destroçados, mentalmente. E também eu — mentalmente e fisicamente. O meu tio, o meu primo, os meus amigos, [os conselheiros] Sanjiv, Radd — estão sempre comigo”.
“Não estou a falar muito com a minha família. Estou no meu quarto, sozinho. Não gosto de falar demasiado. Estou sentado na minha cama a pensar. Perdi o meu irmão, 35 anos. Estou a lutar todos os dias”. Os investigadores conseguiram recuperar as duas caixas negras do avião, que registam as conversas no cockpit e os parâmetros técnicos do voo. Segundo os primeiros dados, o piloto emitiu um aviso de emergência logo após a descolagem.
Depois de terem sido revelados os primeiros detalhes da investigação, o gabinete indiano responsável disse que a resposta definitiva poderia demorar “meses, ou até anos” a chegar.
[Chegou o histórico debate entre Soares e Freitas. E o socialista já conseguiu o voto dos comunistas sem “olhar para o retrato” dele. A “Eleição Mais Louca de Sempre” é o novo Podcast Plus do Observador sobre as Presidenciais de 1986. Uma série narrada pelo ator Gonçalo Waddington, com banda sonora original de Samuel Úria. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E pode ouvir o primeiro episódio aqui, o segundo aqui, o terceiro aqui e o quarto aqui]
