A Rússia está a avançar no terreno e a Ucrânia precisa de armas para continuar a resistir. Agora há uma estratégia para garantir que isso acontece, mas o custo é bem elevado para os aliados

Os Estados Unidos e a NATO estão a trabalhar numa nova forma de conseguir garantir o fornecimento de armas para a Ucrânia. O objetivo é utilizar o dinheiro de países da Aliança Atlântica para pagar a transferência de equipamento norte-americano.

De acordo com a agência Reuters, que cita três fontes familiarizadas com a matéria, esta foi a forma que os aliados encontraram para continuar a garantir que a Ucrânia consegue defender-se da renovada ofensiva russa.

Um esquema que surge numa altura em que os ventos que sopram dos Estados Unidos parecem ter mudado novamente de rumo, com o presidente norte-americano, Donald Trump, a estar visível e audivelmente farto do homólogo russo, Vladimir Putin.

Depois de um tom inicialmente mais favorável à Rússia, a Casa Branca está a mudar a sua abordagem, tentando acelerar para chegar ao fim da guerra que Trump prometeu acabar em 24 horas… há mais de seis meses.

Esse novo prazo é agora 8 de agosto. A partir daí, e caso Moscovo não faça avanços no sentido da paz, os Estados Unidos devem aplicar tarifas aos parceiros comerciais da Rússia, atingido uma economia já de si fragilizada por três anos e meio de guerra.

Trump já tinha garantido que os Estados Unidos iam continuar a fornecer armas à Ucrânia, explicando que seriam os aliados europeus a pagar por isso. Só que não tinha dito de que forma isso ia acontecer.

Ora, de acordo com a agência Reuters, NATO, Ucrânia e Estados Unidos estão a desenvolver um novo mecanismo que possa facilitar a transferência das armas que Kiev considera essenciais. Entre elas estão, naturalmente, os sistemas Patriot, que até motivaram um momento curioso na última cimeira da Aliança Atlântica.

De acordo com este modelo, a Ucrânia deve listar as armas que precisa mesmo em tranches de quase 500 milhões de euros. Depois disso, a NATO, através da coordenação do secretário-geral, Mark Rutte, vai falar com os aliados para perceber quem vai doar ou pagar o que está nessa lista.

O mesmo é dizer que países como Portugal – ainda que no nosso caso com muito menos peso que outros – vão pagar ou doar as armas que depois vão chegar à Ucrânia.

Através desta abordagem, os aliados da NATO esperam conseguir enviar cerca de 10 mil milhões de euros para a Ucrânia, de acordo com um responsável europeu. Não está ainda claro em que espaço de tempo pode isso acontecer.

“É um ponto de partida e é um objetivo ambicioso que procuramos trabalhar. Estamos nesse trajeto. Apoiamos a ambição. Precisamos desse volume”, acrescentou.

Uma fonte da NATO reiterou que este é um “esforço voluntário coordenado pela NATO em que todos os aliados são encorajados a participar”.

Com as forças russas a avançarem de forma consistente no terreno – esta semana conquistaram a cidade-chave de Chasiv Yar -, garantir o apoio à Ucrânia afigura-se ainda mais essencial.