A tomada de posse foi muito concorrida e esgotou a lotação do Auditório Municipal, ao ponto de ter sido o próprio autarca a ter que abrir a porta a toda a gente, e não apenas aos convidados, pois ninguém queria ficar de fora. Nesse período, houve gritos e insultos.
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O discurso estendeu-se ao longo de hora e meia e metade do tempo foi destinado a criticar a gestão socialista dos últimos três mandatos, com a promessa reiterada, por parte de Menezes, de que as contas da Autarquia, bem como das empresas municipais Águas de Gaia, Gaiurb e Inovagaia, serão alvo de auditorias externas e que os resultados serão tornados públicos.
Para a primeira reunião de Câmara, o autarca prometeu criar um “grupo de trabalho”, a juntar responsáveis do Município, representantes do consórcio, a par de moradores e empresários afetados pelo traçado do TGV, no intuito procurar “soluções sensatas” para a linha de alta velocidade no concelho.
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Em relação à Unir, a intenção é “negociar” com a empresa de Transportes Metropolitanos do Porto. O objetivo é melhorar a mobilidade “dentro das freguesias e nos transportes escolares”, por um lado, e a “ligação às estações de metro”, por outro. Quanto à Metro, Menezes vai pedir à sua Administração uma “justa compensação pelos desvios de trânsito” causados pelas obras da Linha Rubi.
25km de ciclovias

Foto: Pedro Granadeiro
O teleférico anunciado iniciará o trajeto no “Canidelo, com passagens depois pela Seca do Bacalhau, Afurada e Jardins da Arrábida”. Passará “por cima da autoestrada e irá até próximo da Estação das Devesas”. Será lançado um concurso para o efeito. Quanto ao festival mundial a evocar Fernão de Magalháes, será para efetivar em 2027.
Outras novidades passam pela criação da figura do Provedor do Munícipe e do estatuto do Jovem Bombeiro, para atrair operacionais. As assembleias municipais terão transmissão direta, por via digital, e uma das metas do novo presidente é passar a “ter todo o concelho servido por fibra ótica e 5G”.
A criação de “25km de ciclovias”, a atribuição de “600 bolsas de estudo” a alunos com dificuldades económicas e a abertura de três novos museus – pontes, lutas liberais e invasões napoleónicas – foram outras das medidas elencadas. “Reforçar a segurança”, com ações já este fim de semana no Jardim do Morro e no Centro Histórico, resolver a questão do concurso para os resíduos sólidos urbanos e apostar no “apoio domiciliário”, em relação aos seniores, também fazem parte da lista. O mesmo se passa com a mudança da localização do festival de música “Marés Vivas”, da Madalena, onde tem sido realizado, para “nascente” do concelho.
“Culpa não morrerá solteira”

Foto: Pedro Granadeiro
Antes do anúncio destas medidas, Menezes falou do passado e da “narrativa ficcionada e do caminho patético”, que, no seu entendimento, foi criado contra si, pela gestão socialista que governou o município nos últimos 12 anos.
Assinalou que as acusações que lhe foram feitas “resultaram em arquivamento” e que, “após anos de insultos, tem a ficha limpa”. Afirmou ainda que em relação à dívida de milhões de euros que dizem ter deixado na Câmara, “como médico só Freud poderia explicar essa perseguição”.
“Todas as minhas contas de gerência foram aprovadas durante 16 anos”, completou acerca da sua presidência camarária em Gaia. Registou, a propósito, que Eduardo Vítor Rodrigues até condecorou o seu vice, responsável pelas finanças na altura, e comentou que esse vice “deve ter deitado fora aquela latita (condecoração)”.
Criticou a Águas de Gaia, por impor “tarifas altíssimas aos munícipes”. Também comentou que esta empresa municipal tem um “número elevado de chefias” e mostrou-se contra a “adjudicação, há semanas, da construção de uma nova sede”, quando, nas suas palavras, está “num quadro de pré-falência”.
Criticou, igualmente, as “adjudicações de festejos de Natal no início da primavera”, e falou de “ajustes diretos e contratos duvidosos, tudo em período pré-eleitoral”, deixando a garantia que “tudo será avaliado com rigor e com consequências implacáveis”.
“Vamos investigar o Silicon Valley (anunciado investimento de milhões, que caiu por terra, onde hoje é o parque da Madalena) e o suicida concurso de resíduos urbanos. Pugnaremos pela verdade e imputando responsabilidades. A culpa não morrerá solteira”, prometeu. “Vou precisar de temas para escrever quando acabar o terceiro mandato”, ironizou.

Foto: Pedro Granadeiro
“O novo ciclo terá que ser o da reconquista. Vamos recriar com força a marca Gaia, para que daqui a quatro anos se fale de Gaia e da cidade do Porto, como de Barcelona e Valência”, destacou. “Gaia e Sintra (Marco Almeida, presidente da Câmara Municipal, esteve na cerimónia) representam o segundo e o terceiro municípios em termos de demografia, não podemos e devemos ser tratados com discriminação negativa”, referiu ainda.
O Bispo do Porto, D. Manuel Linda, e o novo presidente da Câmara do Porto, Pedro Duarte, que é empossado esta quarta-feira, foram alguns dos presentes, entre outros.