Elon Musk terá dado ordens a um engenheiro sénior da SpaceX, que detém a Starlink, empresa de internet por satélite, para desligar os terminais que fornecem o serviço em territórios que a Ucrânia tenta recuperar à Rússia, incluindo Kherson, uma região estratégica ao norte do Mar Negro, de acordo com três fontes ouvidas pela Reuters.

Michael Nicolls, engenheiro na Starlink, terá comunicado aos colegas de que têm “de fazer isto”, dando a ordem para que fossem desativados pelo menos uma centena de terminais da Starlink, causando um blackout no mapa de cobertura da empresa. Além de Kherson, também foram atingidas outras áreas sob o domínio russo, como Donetsk.

Na passada quinta-feira as autoridades militares ucranianas confirmaram através do Telegram uma falha no sistema, depois de a própria empresa anunciar que havia sofrido uma interrupção global, sem avançar com as causas do problema. A falha nos serviços de telecomunicações durou 150 minutos e, de acordo com as autoridades ucranianas foi a “mais longa da guerra”.

De acordo com uma fonte militar ucraniana ouvida pela Reuters, no momento do blackout soldados entraram em pânico, drones a supervisionar as forças russas ficaram inoperantes e armamentos de longa distância que dependem dos serviços da Starlink tiveram dificuldades em atingir os alvos. Como consequência as tropas ucranianas não conseguiram cercar a posição russa na cidade de Beryslav, no leste de Kherson, o centro administrativo da região: “O cerco parou completamente, falhou”, disse a fonte.

Em março Musk já tinha ameaçado desligar o serviço por não concordar com as políticas da Ucrânia. “O meu sistema Starlink é a espinha dorsal do exército ucraniano. Toda a linha de frente deles entraria em colapso se eu o desligasse. O que me deixa enojado são anos de matança num impasse que a Ucrânia inevitavelmente perderá”, escreveu o empresário na rede social X, que detém desde 2022. Entretanto, na sequência o multimilionário voltou atrás. “Para ser extremamente claro, por muito que discorde da política da Ucrânia, a Starlink nunca desligará os seus terminais. Estou simplesmente a afirmar que, sem a Starlink, as linhas ucranianas entrariam em colapso, uma vez que os russos podem bloquear todas as outras comunicações”.

Centenas de milhares de pessoas dependem da internet por satélite da Starlink na Ucrânia. A empresa substituiu redes de internet danificadas durante a guerra, incluindo em hospitais, escolas e áreas da linha de frente.