Projetos em questão envolvem subsídios no valor de 19 milhões de euros, tendo sido já efetuados pagamentos de pelo menos 5,5 milhões de euros. Câmara Municipal de Ourém entre os locais alvos de buscas
A Construtora Verdasca, com mais de mil trabalhadores e considerada uma das maiores do país, com centenas de obras em curso e muitas das quais em concursos públicos, deverá ter de parar toda a sua operação na sequência de uma operação da Polícia Judiciária (PJ) na zona de Ourém – onde recaem suspeitas sobre a empresa por uma série de crimes ambientais relacionados com a produção de betão, apurou a CNN Portugal.
Em causa, uma extensão ilegal de terreno com cerca de 20 hectares, onde o betão é produzido, com suspeitas de poluição dos solos por parte da empresa. Há suspeitas de contaminação de água e dos solos e enterro de inertes, sem licenciamento e numa área protegida, havendo também suspeitas de conluio com responsáveis da Câmara Municipal de Ourém, onde a empresa está sediada, com indícios de corrupção
Em comunicado, a PJ adianta que realizou esta quarta-feira uma operação policial, na região de Ourém, visando a execução de 25 mandados de busca domiciliária e não domiciliária nas instalações de três sociedades industriais e na Câmara Municipal de Ourém.
“Nos inquéritos em apreço, cuja investigação está delegada na Polícia Judiciária, investigam-se factos suscetíveis de enquadrar a prática dos crimes de violação das regras urbanísticas, poluição com perigo comum, corrupção, fraude na obtenção de subsídio ou subvenção e branqueamento de capitais. De acordo com a investigação, várias empresas, que pertencem ao mesmo grupo empresarial, terão realizado atividades industriais em plena reserva ecológica nacional, sem as necessárias licenças de funcionamento e alvarás de construção, cuja atividade poderá ter causado potenciais danos ecológicos”, lê-se na nota.
Segundo a PJ, em causa está o procedimento que “levou a que fosse construída de forma ilegal uma unidade industrial inserida num complexo de grandes dimensões, que se encontra implantado na categoria de Espaços de Exploração de Recursos Geológicos – Espaços Florestais de Conservação, bem como em área de Proteção de Reserva Ecológica Nacional, localizada no município de Ourém”.
“Esta unidade industrial está em laboração, com fortes suspeitas de que na área também terão sido depositados resíduos de modo clandestino. Em causa está, ainda, a apresentação de candidaturas a subsídios ao abrigo do Fundo Social Europeu (FSE), do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) e do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), com base em licenças de funcionamento e alvarás de construção provisórios, emitidos pela autarquia de Ourém. Os subsídios destinavam-se a apoiar a investigação industrial, a promover o desenvolvimento experimental, a transformação digital e a internacionalização das empresas, e a melhorar a sua sustentabilidade ambiental”.
Os projetos em questão envolvem subsídios no valor de 19 milhões de euros, tendo sido já efetuados pagamentos de pelo menos 5.5 milhões de euros.