Pedro Duarte convenceu um dos vereadores eleitos pelo PS a aceitar responsabilidades governativas e com isso assegura uma maioria de sete vereadores contra seis da oposição — cinco do PS e um do Chega. O novo vereador da Cultura da cidade do Porto será Jorge Sobrado, eleito pela lista do Partido Socialista.

A notícia avançada pelo Jornal de Noticias e confirmada pelo Observador dá conta de que Pedro Duarte conseguiu convencer um dos eleitos na lista de Manuel Pizarro, o que lhe garante a maioria no executivo municipal sem precisar de negociar “peça a peça”, como tinha assegurado que iria fazer.

Depois de uma vitória com uma diferença de perto de dois mil votos, Pedro Duarte elegeu o mesmo número de vereadores eleitos pelo Partido Socialista e, por isso, a única alternativa a ir negociando as propostas e os orçamentos de forma anual seria a de distribuir responsabilidades a um dos vereadores eleitos pelo PS ou pelo Chega.

Manuel Pizarro apresentou às autárquicas uma lista com muitos membros independentes, o que pode ter facilitado esta abordagem de Pedro Duarte para tentar garantir um acordo estável para quatro anos que lhe garanta a maioria dos votos nas reuniões do executivo municipal.

Durante a campanha eleitoral, numa entrevista ao Observador, Pedro Duarte admitiu não ter linhas vermelhas com o Chega em questões municipais e mais tarde corrigiu o discurso, afastando a possibilidade de acordos de governação. Na semana passada, em entrevista à SIC, tinha afastado a hipótese de chegar a acordo com o PS ou de distribuir pelouros por quem não se “revisse inteiramente” no seu projeto. Feitas as contas, e apesar de Miguel Corte Real ter na mão o mandato que desempata o número de vereadores entre PSD e PS, Pedro Duarte escolheu uma via alternativa.

Em Viseu, onde o PS conquistou a autarquia pela primeira vez desde 1976, João Azevedo utilizou a mesma estratégia mas em sentido inverso. João Azevedo, eleito presidente de câmara pelo PS conseguiu recrutar um dos vereadores eleitos pelo PSD para assegurar uma maioria no executivo.

A entrega do pelouro da Cultura a Sobrado contraria, no entanto, uma das promessas em que Duarte insistiu durante a campanha, tendo anunciado que iria, ele próprio, assumir o pelouro da Cultura — imitando a decisão de Rui Moreira — como “sinal de valorização de um setor que é crítico, absolutamente fundamental para a identidade enquanto cidade”.

“Na linha desta boa prática, serei eu próprio a assumir o pelouro da Cultura”, chegou a dizer, dando o exemplo do antecessor na autarquia. Afinal, nas negociações para conseguir compor a maioria no executivo municipal, essa promessa acabou por cair.

À Lusa, Pedro Duarte disse entretanto ter ouvido a comunidade cultural da cidade e ter sido “sensível” aos seus “apelos” de que Sobrado seria a pessoa indicada para este pelouro, garantindo que também reconhece este como “como um dos nomes mais indicados para liderar esta pasta”, com “todas as características de personalidade e experiência para honrar a continuidade da revitalização cultural da cidade do Porto”. “Representa a valorização da competência, da experiência e do serviço à cidade acima de qualquer pertença partidária”, acrescentou.

Jorge Sobrado foi diretor do Museu e Bibliotecas do Porto, entre dezembro de 2022 e fevereiro de 2024, e assumiu depois a vice-presidência da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N). Já tinha sido vereador da Cultura de Almeida Henriques (também social democrata), na Câmara de Viseu, entre 2017 e 2021.