“O dado concreto é que a operação, do ponto de vista da quantidade de mortes, as pessoas podem considerar um sucesso, mas do ponto de vista da ação do Estado, eu acho que ela foi desastrosa”, frisou o chefe de Estado brasileiro.

Lula da Silva reforçou: “vamos ver se a gente consegue fazer essa investigação”, até porque é “é importante ver em que condições se deu” a operação.

Ainda assim, o chefe de Estado brasileiro reforçou que é necessário empenho por parte do Governo Federal e dos estados para “combater a fação [criminosa] e a brutalidade que existe em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Brasil”.

“Nós estamos trabalhando de forma muito forte para que a gente possa tentar fazer com que a sociedade possa viver em paz, em muita tranquilidade”, garantiu, recordando que na semana passada promulgou uma lei anti-fação que aumenta as penas de prisão para os membros destas organizações criminosas.

Os complexos de favelas da Penha e do Alemão, situados numa região onde vivem cerca de 200 mil pessoas, foram palco na semana passada da operação policial mais letal já registada no Brasil.

Até agora, o Governo do estado do Rio de Janeiro reconheceu 121 mortos, enquanto, a Defensoria Pública aponta que o número de vítimas mortais chega a 132.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e as forças de segurança do estado celebraram publicamente a “bem-sucedida” operação que, segundo estes, teve apenas quatro vítimas, sendo estas os agentes que morreram durante a ação.

A Secretaria de Segurança Pública do estado divulgou um primeiro relatório de identificação dos corpos, no qual afirma que a grande maioria dos 121 mortos tinha antecedentes criminais por delitos graves, como tráfico de droga e homicídio.

Além dos 121 mortos, a polícia informou que 133 pessoas foram detidas e mais de 90 espingardas automáticas apreendidas.

Lula diz que vai recandidatar-se para que “nunca mais” a extrema-direita governe o Brasil 

Lula da Silva afirmou ainda que vai recandidatar-se para que “nunca mais alguém de extrema-direita, negacionista”, governe o país.

“Eu sei da dificuldade, mas, se depender de mim, nunca mais alguém de extrema-direita, negacionista, vai governar esse país”, disse, acrescentando que a sua missão é fazer com que o povo compreenda “a diferença da democracia com o autoritarismo”.

Em outubro, Lula da Silva quebrou, finalmente o ‘tabu’ e anunciou a recandidatura às eleições de outubro de 2026, durante a sua viagem à Indonésia.

Aos 80 anos, indicou que, para ser candidato, é necessário ter saúde, mas assegurou ter bastantes cuidados, adiantando que se encontra no melhor momento da sua vida, em termos pessoais e políticos.

Lula da Silva lidera todos os cenários de intenção de voto face a qualquer um dos prováveis candidatos. Caso vença, será a primeira vez que um mesmo candidato exerce por quatro vezes a chefia de Estado no Brasil.

Jair Bolsonaro, impedido de concorrer a quaisquer eleições nos próximos oitos anos, ainda não disse quem será o seu sucessor político.

Para além disso, o Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil começa a apreciar, a 07 de novembro, o recurso apresentado pelo ex-presidente contra a condenação de mais de 27 anos de prisão.

Em 11 de setembro, Bolsonaro e sete dos seus mais próximos colaboradores, entre antigos ministros e altos comandos militares, foram condenados por orquestrarem um golpe após perderem as eleições de 2022, vencidas pelo atual presidente, Lula da Silva.

O ex-chefe de Estado recebeu a pena mais severa de todas por ter sido considerado o líder da “organização criminosa” que procurou “perpetuar-se no poder”.

A sentença foi publicada em 22 de outubro, data a partir da qual se abriu o prazo para apresentação de recursos.

Contudo, este primeiro recurso não avaliará o mérito da condenação e limitar-se-á apenas a questões formais.

A defesa de Jair Bolsonaro pediu na segunda-feira ao STF a redução da pena, num recurso em que alegou que o direito à ampla defesa foi violado.

Os advogados de Bolsonaro alegaram que o ex-chefe de Estado foi condenado com base numa confissão “viciada e contraditória” de um dos seus ex-assessores, bem como erros jurídicos do STF, ao puni-lo por golpe de Estado e por abolição violenta do Estado democrático de direito, que consideram ser o mesmo crime.

Antes da execução da sentença, a defesa do ex-presidente ainda poderá apresentar outro recurso.

Uma vez julgados os recursos, mantendo-se a condenação, o STF deverá ordenar a execução das penas e definir onde serão cumpridas.

Bolsonaro, de 70 anos, encontra-se em prisão domiciliária na sua residência em Brasília, desde agosto.