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Fábrica em Braga anunciou lay-off até Abril, por causa da crise no fornecimento de semicondutores. Chineses não estão satisfeitos.
A fábrica de Bosch em Braga anunciou um corte significativo: depois do despedimento de 600 trabalhadores ao longo do último ano, entrou em lay-off nesta semana.
O lay-off, muito utilizado durante a COVID-19, é uma redução temporária dos períodos normais de trabalho ou suspensão dos contratos de trabalho, por iniciativa das empresas. Essas medidas são temporárias.
O lay-off em Braga, a principal unidade industrial da empresa alemã em Portugal, deverá prolongar-se por meio ano, até abril de 2026. A medida abrange 2.500 trabalhadores, cerca de 75% do total de funcionários.
Este lay-off é uma consequência sobretudo da falta de componentes, nomeadamente da crise no fornecimento de semicondutores.
No mês passado, o governo dos Países Baixos praticamente declarou uma “guerra” à China, ao assumir o controlo da Nexperia.
A Nexperia é uma empresa de semicondutores sediada nos Países Baixos, mas com propriedade chinesa, do grupo Wingtech.
Mas a Wingtech foi confiscada pelo governo holandês, que alegou “graves deficiências” na gestão do grupo;e, assim, o Ministério das Finanças holandês assumiu o controlo das operações da Nexperia.
O Governo aplicou a denominada Lei de Disponibilidade de Ativos porque, segundo o Ministro da Economia, estava em causa “uma ameaça à continuidade e à salvaguarda de know-how e capacidades tecnológicas cruciais na Holanda e na Europa”.
Assim, os holandeses tentam garantir o abastecimento de chips essenciais à indústria automóvel e de eletrónica de consumo.
Consequência: o Governo de Pequim suspendeu as exportações dos chips da Nexperia (70% são feitos na China) e paragens de produção um pouco por todo o mundo.
Surgiram indicações de que a China poderia flexibilizar a proibição de exportação de semicondutores. Em nome da segurança e da estabilidade das cadeias de abastecimento globais. E a Bosch – e não só – estaria aliviada.
Mas a agência Reuters vira o cenário de novo: o Governo da China “arrasou” o Governo dos Países Baixos, nesta terça-feira.
“Parem de interferir nos assuntos internos da Nexperia. O lado holandês persiste na sua conduta unilateral sem tomar medidas concretas para resolver a questão, o que inevitavelmente agravará o impacto negativo na cadeia de abastecimento global de semicondutores”, indicou o Ministério do Comércio em comunicado.
Mas um porta-voz do Ministério da Economia dos Países Baixos disse à Reuters que as negociações entre os dois governos ainda decorrem.