Cristiano Ronaldo não foi ao funeral de Diogo Jota para evitar que “todas as atenções” se virassem para ele, revelou o futebolista na segunda parte da entrevista a Piers Morgan, onde também fala sobre como a finitude da vida não o deixa fazer “planos a longo prazo”. Mas em relação ao colega de equipa, diz: “Tive a oportunidade de falar com família e de a apoiar. Tudo mudou por causa de um momento. Por isso, temos de aproveitar a vida.”
“Eu não acreditei. Quando me enviavam mensagens, eu… chorei muito. Foi um momento muito, muito difícil para o país, para as famílias, para os amigos, para os colegas de equipa. Devastador. Notícias muito, muito, muito tristes”, reage Ronaldo sobre a morte do companheiro na selecção, um acontecimento do qual teve conhecimento quando estava no ginásio com a noiva, Georgina Rodríguez, na manhã de 3 de Junho. “Ainda sentimos a aura que existe na selecção nacional quando se veste a camisola, porque o Diogo era um de nós.”
Piers Morgan fala do elefante na sala e pergunta a Ronaldo o motivo por que não acompanhou a equipa portuguesa ao funeral de Diogo Jota e do irmão, André Silva. A explicação é a que era esperada: “Onde quer que eu vá é um circo.” Além disso, continua Ronaldo, desde a morte do seu pai, há 20 anos, “nunca mais” esteve num cemitério.
Ronaldo, que diz ser sempre “muito criticado”, também aproveita para dar uma alfinetada a quem comparece a funerais para “dar entrevistas”, uma atitude que condena. “Senti-me bem com a minha decisão”, reitera, garantindo que, para apoiar alguém, “não precisa de aparecer frente às câmaras”. E remata: “Eu faço-o nos bastidores. Sinto-me melhor com isso. Fazem uma grande propaganda com o meu nome, mas está tudo bem.”
Aliás, mudando o tom sério da conversa, até compara: “Se quiserem divertir-se num aniversário, não me convidem.” Piers Morgan diz-lhe que fará 60 anos neste ano e pretende convidá-lo para ser “a estrela do espectáculo”, mas o futebolista recusa. “Os teus amigos vão beber dois copos de vinho a meio da noite e vão dizer ‘por favor, tire uma fotografia comigo’. Vai ser uma grande confusão.”
O madeirense não entra em mais detalhes sobre a morte de Diogo Jota, numa segunda parte da entrevista com um tom menos pessoal do que o primeiro excerto, onde falava sobre o casamento com Georgina Rodríguez e a parentalidade. Ainda assim, recorda a adolescência na Academia do Sporting, quando lhe davam hambúrgueres grátis junto ao Estádio de Alvalade, ou fala sobre a boa forma física que tem aos 40 anos. “Durmo bem, tenho boa rotinas, faço uma boa recuperação e treino bem no ginásio”, descreve. “É apenas uma questão de consistência.”
Não esconde que gostava de ganhar o Mundial de Futebol de 2026, para somar ao troféu do Euro 2016 e da Liga das Nações, em 2019 e 2025. “Vamos lutar por isso, mas não deve definir-nos como jogadores”, defende. Aliás, vai competir no campeonato do mundo com 41 anos, com um objectivo: “Para me definir enquanto um dos melhores da história.”
E, por falar em história, Morgan pergunta-lhe sobre a camisola que enviou assinada a Donald Trump, onde escreveu “a jogar pela paz”, entregue pelas mãos de António Costa, presidente do Conselho Europeu. “Se o mundo estiver em paz… é um dos nossos objectivos. E ele é um dos homens que pode mudar isso”, lembra Ronaldo, que confessa “não conseguir ver televisão” pelo estado do mundo, mas quer ajudar na mudança. “Ele [Donald Trump] é um dos homens que mais quero conhecer para me sentar a conversar. Gosto dele porque pode sabe e pode fazer as coisas acontecerem.”