O ambiente no Miss Universo 2025, a decorrer em Banguecoque, está longe do glamour habitual. Durante um encontro oficial transmitido em direto no Facebook do concurso, o diretor executivo tailandês Nawat Itsaragrisil perdeu a compostura e insultou a Miss México, Fátima Bosch, chamando-lhe “burra” perante dezenas de candidatas.

A modelo tentou defender-se, dizendo que tinha “voz” e exigindo respeito, mas o responsável respondeu de forma agressiva e chegou a chamar a segurança para a retirar da sala. “Não foi respeitoso”, afirmou Bosch mais tarde à imprensa local, acrescentando que o executivo a tratou “como se fosse uma criança”.

O episódio, presenciado por cerca de setenta e cinco participantes, levou várias misses a abandonar a sala em protesto, entre elas a atual Miss Universo, a dinamarquesa Victoria Kjær Theilvig.

Várias concorrentes abandonaram a sala em protesto durante o encontro com o diretor tailandês, entre elas a atual Miss Universo, a dinamarquesa Victoria Kjær Theilvig (Foto de Rungroj Yongrit / EPA

“Isto é sobre os direitos das mulheres”, declarou a jovem de 25 anos, acrescentando: “Destruir outra rapariga é mais do que desrespeitoso. É por isso que peguei no meu casaco e saí.”

Organização condena comportamento

A Miss Universe Organization (MUO) reagiu de imediato, classificando o comportamento de Nawat Itsaragrisil como “malicioso” e “inaceitável”. O presidente da MUO, Raul Rocha, afirmou em comunicado que o diretor “humilhou, insultou e demonstrou uma total falta de respeito” pela concorrente mexicana, tendo cometido o “grave abuso de chamar a segurança para intimidar uma mulher indefesa”.

Rocha confirmou ainda o envio de uma comitiva internacional para assumir a gestão do evento e limitar o papel do executivo tailandês.

“O Miss Universo é uma plataforma de empoderamento feminino. As vozes destas mulheres merecem ser ouvidas”, sublinhou.

A polémica ocorre após várias divergências entre o novo CEO do concurso, o guatemalteco Mario Búcaro, e Nawat Itsaragrisil, que também dirige o Miss Grand International.

Polícia chamada ao hotel antes da reunião

Dias antes do incidente, a tensão já era visível. O organizador tailandês chamou a polícia ao hotel onde as candidatas estão hospedadas, depois de descobrir que uma plataforma de apostas online das Filipinas – proibida na Tailândia – figurava entre os patrocinadores do evento sem o seu conhecimento.

As autoridades apreenderam o material promocional e levaram duas pessoas para prestar declarações. O caso aumentou o desconforto entre os organizadores e criou alvoroço entre as concorrentes, que assistiram à chegada da polícia ao local.

Camila Vitorino representa Portugal

Entre as concorrentes que permanecem no concurso está a portuguesa Camila Vitorino, eleita Miss Universo Portugal 2025 no dia 14 de junho, durante a gala final do Miss & Mrs Portugal, realizada no Centro de Negócios Transfronteiriço de Elvas.

A jovem setubalense recebeu a coroa das mãos da antecessora Andreia Correia e prepara-se agora para representar Portugal na final do Miss Universo 2025, marcada para 21 de novembro, em Banguecoque, na Tailândia, onde já tem estado em foco.

Mesmo mantendo-se à margem, Camila ficou incomodada com o incidente, revelou ao JN o diretor da delegação portuguesa, Ricardo Monteverde. “A Camila ficou perplexa, não gostou. Praticamente todas as meninas estavam com um ar estupefacto, quase sem reações. Houve um grupo pequeno que abandonou a sala em defesa da Miss México”, relatou..

Segundo o diretor, a equipa portuguesa acompanhou a situação “minuto a minuto”, procurando orientar a candidata. “O restante grupo acabou por ser mantido na sala, o que foi uma decisão sensata. Ontem,, o próprio Nawat pediu desculpa a todas as candidatas, reconhecendo que agiu sob grande pressão”, explicou.

Apesar do episódio, garante que Camila “está super integrada” e focada na competição: “Ela está bem, partilha momentos com as colegas. São mulheres maduras, que entendem cada momento e continuam com o seu trabalho.”

Ricardo e também Letícia Silva, os responsáveis da delegação portuguesa viajam para Banguecoque no dia 17 para acompanharem os últimos dias do concurso, cuja final está marcada para 21 de novembro. “Durante a concentração, elas não podem receber visitas, mas tentamos estar por perto – nem que seja só para ela ver que estamos ali. É um apoio importante”, concluiu Monteverde.