Os peritos forenses da PJ cumprem esta sexta-feira uma paralisação. Exigem a valorização da carreira e a alteração do estatuto profissional da polícia de investigação criminal. Após uma concentração diante da sede da Judiciária, em Lisboa, dirigem-se ao Ministério da Justiça, onde vão entregar um caderno reivindicativo.

José Gonçalves, presidente da Associação Sindical dos Peritos Forenses da Polícia Judiciária, que convocou a greve, explicou à RTP que o que está em causa é “a complementaridade que existe entre a investigação criminal e o trabalho da ciência forense, que está em perigo. A PJ é caracterizada precisamente por esta complementaridade, entre o trabalho de investigação criminal e da ciência forense”

De acordo com o sindicalista, “desde 2020, que esta complementaridade tem sido atacada, através de diversos diplomas, nomeadamente o estatuto profissional da Polícia Judiciária que tem permitido que houvesse uma subalternização da nossa carreira, à carreira da investigação criminal.”

“Nós não podemos permitir, porque o nosso trabalho é independente, tem autonomia técnica e científica. E, nós não podemos aceitar, tal facto”, frisou.

Para José Gonçalves, “é preciso dizer também que se a situação continuar como está vai, de certeza, alinhar a Polícia Judiciária abaixo da sua capacidade de investigação e, eventualmente até comprometer a sua ação a longo prazo”. José Gonçalves reconheceu ainda que face às funções
que desempenham os peritos forenses não estão a ser devidamente
valorizados e que “desde 2020 que a carreira sofreu uma série de
alterações”.

Nós somos carreira especial, e nem sequer temos uma carreira própria. Os peritos forenses não têm uma carreira própria. Estamos inseridos numa carreira em que estão peritos e não peritos, com todo o respeito pelo trabalho dos outros colegas administrativos e outros. Mas de facto nós não temos essa carreira é por essa carreira que lutamos. Uma carreira com as condições corretas. Desde os escalões de renumeração, que foram desvalorizados com a lei de 2020, passando pelo sistema de avaliação“.

O sindicalista explicou que ainda que os peritos forenses “querem um sistema de avaliação transparente e transversal às carreiras especiais da Polícia Judiciária, que são três: a carreia de investigação criminal; a carreira de especialista de polícia científica – onde os peritos forenses estão incluídos – e a careira de segurança. Estas três carreiras têm de ter um sistema de avaliação semelhante, relacionada com o seu conteúdo funcional. O que neste momento não está a acontecer”. 

A carreira de perito forense é uma profissão de muito desgaste que lida várias vezes com crimes pornográficos e que exige, por vezes ajuda psicológica aos profissionais.

Segundo José Gonçalves, os profissionais “fazem extrações de conteúdo pornográfico, nomeadamente infantil, de computadores e devem ter um espaço, segundo as normas internacionais, para descanso. Esse espaço nem sequer existe no caso desses peritos. Os peritos forenses nem são reconhecidos pela direção nacional da Polícia Judiciária como sendo peritos”.

“Há aqui uma falta generalizada de reconhecimento dos peritos forenses por parte desta direção nacional”, rematou.