A Comissão Europeia afirmou que uma rede ferroviária de alta velocidade que conecte as principais cidades europeias deverá ser possível até 2040. Com este plano, a viagem de Lisboa até Madrid seria reduzida para três horas, em vez das atuais nove.

Comboio de alta velocidade

Apesar dos apelos e dos planos que vão ficando pelo caminho, as viagens de comboio transfronteiriças rápidas entre países europeus continuam a ser raras.

O foco das operadoras nas prioridades nacionais, a infraestrutura inadequada, os sistemas incompatíveis, as regulamentações conflituantes e a emissão de bilhetes extremamente complicada significam que o comboio de alta velocidade ainda não tem o papel que os seus defensores acreditam que deve e pode ter.

De facto, segundo a Comissão Europeia, os 12.128 km da rede ferroviária de alta velocidade existente na Europa concentram-se principalmente em quatro Estados-membros ocidentais da União Europeia: França, Alemanha, Itália e Espanha. Ao mesmo tempo, a Europa Central e de Leste continua “mal conectada”.

Rede ferroviária “verdadeiramente europeia” para viagens mais rápidas

A Comissão Europeia está a pensar numa realidade onde os comboios poderiam atingir velocidades bem acima dos 250 km/h, quando viável, por forma a garantir ligações mais rápidas entre todos os países do velho continente.

Segundo a Comissão Europeia, pela voz de Apostolos Tzitzikostas, comissário europeu para os Transportes, uma rede ferroviária de alta velocidade mais rápida e “verdadeiramente europeia” deverá ser possível até 2040, conectando as principais cidades com viagens consideravelmente mais rápidas.

Caso o plano se concretize, os passageiros poderão viajar entre as capitais alemã e dinamarquesa em quatro horas até 2030, em vez das sete horas atuais, enquanto Sófia e Atenas ficarão a apenas seis horas de distância até 2035, em vez de quase 14.

As novas ligações possibilitarão, também, que as viagens entre Talin e Riga durem 1h45min, em comparação com as atuais 6h10min; e permitirão que a viagem entre Lisboa e Madrid seja reduzida para três horas, em vez das atuais nove.

Desta forma, com uma rede ferroviária mais capaz e rápida, a Comissão Europeia espera tornar as viagens de comboio uma alternativa mais atraente aos voos de curta distância e, possivelmente, aos voos mais longos em muitas rotas.

Emissão de bilhetes otimizada e passageiros com mais direitos

Especialistas externos citados pela Comissão Europeia estimam que são necessários 546 mil milhões de euros para triplicar a dimensão da rede de alta velocidade, permitindo que os comboios circulem a velocidades superiores a 250 km/h.

Como parte de uma lista de ações, o executivo prometeu uma estratégia de financiamento e disse que procurará utilizar fundos europeus para incentivar os governos nacionais e o investimento privado.

Outros elementos do plano incluem a melhoria dos sistemas pan-europeus de sinalização e emissão de bilhetes.

Durante demasiado tempo, os consumidores enfrentaram reservas e bilhetes complexos, direitos dos passageiros limitados, ligações deficientes e qualidade de serviço insatisfatória quando viajavam pela Europa de comboio.

Disse Robin Loos, responsável pelos transportes da Organização Europeia de Consumidores (BEUC), acrescentando que “o plano deve proporcionar o investimento e a harmonização técnica tão necessários e […] resolver a questão de longa data da emissão de bilhetes”.

Segundo Apostolos Tzitzikostas, todos os passageiros deverão, um dia, poder reservar um bilhete ferroviário transfronteiriço e, eventualmente, um bilhete combinado ferroviário-aéreo através de um único website.

Com propostas legislativas prometidas para o início de 2026, o comissário pretende que os passageiros possam comprar bilhetes transfronteiriços e tenham mais direitos, por forma a optarem por esta forma de viajar.

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