A IPTV ilegal tem “tirado o sono” a Javier Tebas, desde que assumiu o lugar de presidente da liga espanhola de futebol, em 2013. Após várias tentativas, parece que há uma nova estratégia para resolver o problema da transmissão ilegal dos jogos.
Os direitos de transmissão televisivos dos jogos de futebol são uma importante fonte de receita dos clubes, globalmente. Neste sentido, a pirataria cresce e reforça-se enquanto problema a resolver.
A LaLiga, particularmente, luta há anos numa guerra contra a pirataria, uma vez que os serviços ilegais de IPTV, que transmitem futebol, séries e filmes gratuitamente por apenas alguns euros, drenam centenas de milhões de euros do desporto.
LaLiga estava focada nas transmissões e nos intermediários
Durante muito tempo, o foco das autoridades passava por rastrear as transmissões e bloquear endereços IP suspeitos. Contudo, a estrutura da IPTV ilegal é mais complexa e as operações policiais isoladas têm mostrado ser ineficazes, dando apenas origem a novos websites.
Agora, segundo a imprensa espanhola, a LaLiga compreendeu que o verdadeiro calcanhar de Aquiles da pirataria não reside nas transmissões, mas no fluxo financeiro e operacional que as sustenta.
Perante esta conclusão, a sua nova abordagem combina tecnologia forense com rastreabilidade económica. Citando, “em vez de desligar servidores, a liga de futebol de Javier Tebas trabalha com procuradorias, tribunais e organismos de cibersegurança para identificar quem cobra, de onde cobra e através de quais intermediários”.
Desta forma, a LaLiga pretende chegar aos sistemas de pagamento e intervir na raiz do problema – ainda que muitos argumentem que o problema reside no preço dos canais desportivos de transmissão oficial.
Operação na Argentina reforçou confiança da LaLiga no fim da IPTV ilegal
Um caso da Argentina demonstrou como a coordenação internacional permite resolver um problema tão enraizado quanto a IPTV ilegal.
Conforme contado, uma investigação conjunta permitiu localizar um centro de comando que coordenava os pagamentos, assinaturas e suporte técnico de uma rede que prestava serviços a mais de oito milhões de utilizadores na América Latina.
Pela primeira vez, a operação não se limitou a fechar websites que ofereciam listas de IPTV com conteúdo gratuito, mas neutralizou toda a estrutura económica por detrás do sistema.
A LaLiga conseguiu integrar a ação judicial, tecnológica e económica num único processo, procurando, agora, replicá-lo em Espanha.
Desta forma, a liga espanhola poderá tratar as IPTV ilegais como estruturas criminosas internacionais com responsabilidade penal, ao invés de websites isolados.
Entretanto, a LaLiga desenvolveu ferramentas internas de rastreamento que permitem monitorizar em tempo real as origens da emissão, os padrões de distribuição e os mirror servers. Estas provas, apoiadas por sistemas de registo forense, são integradas nos relatórios apresentados ao Tribunal Nacional e a organismos europeus como a Europol.
Agora, os relatórios não só apontam a infração, como ligam o crime às transações financeiras que o sustentam.
Desde a operação da Argentina que a LaLiga e a Alianza Antipiratería trabalham numa réplica do modelo, na Europa.
O procedimento foi concebido para ser aplicado também em Espanha, a fim de identificar a fonte de receitas, intervir nas plataformas de pagamento e bloquear o acesso financeiro antes do digital.
Os resultados já são visíveis, com várias plataformas que operavam fora de Espanha a deixarem de transmitir conteúdos da LaLiga, ao perderem as suas vias de financiamento e apoio técnico.
Além disso, fontes da LaLiga revelaram que esta abordagem reduziu significativamente o volume de transmissões ilegais provenientes de servidores europeus e gerou um efeito dissuasor entre distribuidores e anunciantes que antes colaboravam com estas redes.
Estratégia contra a IPTV ilegal em andamento
Uma vez que Espanha é um mercado prioritário para a LaLiga e, também, um dos mais visados pela pirataria, com mais de 20% do conteúdo de futebol pago a ser consumido via IPTV ilegal, a nova estratégia procura asfixiar economicamente as operadoras piratas.
Sabe-se que a coordenação com a Polícia Nacional, a Guarda Civil e os tribunais especializados em delitos tecnológicos já está em andamento.


