A mulher de 24 anos foi a julgamento por ter telefonado e escrito repetidamente a Kate e Gerry McCann entre junho de 2022 e fevereiro de 2025, alegando ser a filha desaparecida e insistindo para que fizessem testes de ADN para comprovar as suas alegações. Wandelt foi também acusada de se ter deslocado à residência da família em Rothley, perto de Leicester, no centro de Inglaterra.
Em 2023, a polaca alegou na rede social Instagram ser a menina desaparecida, mas um teste de ADN provou que não tinha qualquer ligação com a família.
Os testemunhos durante o julgamento no Tribunal criminal de Leicester retrataram uma mulher com perturbações mentais que tinha sido vítima de abuso sexual.
Após um julgamento de cinco semanas, o júri absolveu Julia Wandelt da acusação de perseguição, que, na legislação britânica, corresponde ao ato de seguir alguém ou de se dirigir à sua casa de forma não solicitada e obsessiva, mas declarou-a culpada de assédio. A sentença poderá chegar a um máximo de seis meses de prisão, mas a BBC noticiou que Wandelt deverá ser deportada.
Kren Spragg, uma sexagenária originária de Cardiff, foi também julgada por ter ajudado Wandelt. Spragg, por sua vez, foi totalmente absolvida.
A britânica tinha sido acusada de ajudar Julia Wandelt contactando os McCann por telefone e e-mail, chegando mesmo a confrontá-los em frente à sua casa. Foi também acusada de espalhar teorias da conspiração, nomeadamente por dizer à polícia que os McCann “tinham orquestrado o rapto” do seu filho.
Nas suas alegações finais, o procurador Michael Duck acusou as duas mulheres de “atormentarem os McCann”, sabendo que as suas ações eram prejudiciais.
As duas mulheres deram as mãos no banco dos réus e Julia Wandelt escondeu o rosto entre as mãos quando o veredicto foi anunciado.
“Passado infeliz”
Durante o julgamento, a mãe de Maddie relatou o seu sofrimento depois de Julia Wandelt ter batido à porta da casa de família e ter aparecido numa vigília em homenagem a Madeleine.
A irmã mais nova de Madeleine, por sua vez, testemunhou que tinha recebido mensagens “perturbadoras” nas redes sociais.
Chamada a depor a 27 de outubro, a jovem polaca afirmou que não procurava atenção nem qualquer ganho financeiro, mas simplesmente “saber realmente quem sou”. Disse que já se tinha automutilado no passado e tentado o suicídio após ter sido agredida sexualmente pelo companheiro da avó.
O seu advogado, Tom Price, pediu ao júri que absolvesse a jovem polaca, argumentando que tinha um “passado infeliz” e estava confusa quanto às suas origens familiares. O seu recurso foi negado, não havendo ainda data marcada para a sentença. Madeleine McCann, então com três anos, desapareceu
durante as férias em maio de 2007 de um apartamento no Algarve, enquanto
os seus pais jantavam num restaurante a alguns metros, dentro do mesmo
complexo turístico.
O desaparecimento nunca foi esclarecido, apesar de investigações policiais em Portugal, Reino Unido e Alemanha, e de uma campanha internacional e grande mobilização mediática.
O desenvolvimento mais recente deste caso ocorreu em setembro último, quando o principal suspeito, o alemão Christian Brückner, foi libertado da prisão após cumprir uma pena de sete anos pela violação de uma mulher de 70 anos em Portugal, em 2005.
Brückner foi libertado por falta de provas, apesar de os procuradores alemães o terem identificado como o principal suspeito no caso McCann, em 2020.
As últimas buscas no Algarve por vestígios de Maddie terminaram em junho deste ano sem qualquer resultado.
c/ agências