A colónia penal é composta por um conjunto de “barracas” onde moram cerca de “70 pessoas”. “Também há contagens militares, como cinco pessoas por linha. Tem de se cumprimentar todos os guardas. Como num exército”, descreve o jornalista. Ainda assim, quando em setembro de 2023 foi transferido para aquele estabelecimento penal em Shklov, pensava que ia ser pior. “Eu lembrava-me de todos os filmes e séries dos anos 90 do que era uma típica colónia soviética. E as modernas colónias bielorrussas são um pouco melhor. Foram renovadas. Quando se olha para as fotografias, tudo está limpo, tudo parece estar bem.”

“Tudo é novo, até havia remodelações no pavimento. [A colónia] era limpa e boa. Mas o problema não era esse”, diz, clarificando: “Por um lado, sofre-se todos os dias, mas por outro, tem-se um plasma grande dentro da unidade. Essa televisão foi comprada com o dinheiro dos reclusos, não é dada pelo Estado”. Yauhen Merkis recordou que a televisão até tinha “filmes e séries pirateadas”. “É uma mistura estranha”, classifica, esclarecendo também que, nas atuais colónias penais bielorrussas, não há espancamentos. “Não é porque os guardas se tornaram bons subitamente. Está relacionado com o facto de haver câmaras por todo o lado. E isso cria problemas adicionais.”

Apesar destas condições, o quotidiano é marcado por uma série de desafios para os reclusos. “Tem de se trabalhar. Não se pode recusar, a não ser que se tenha problemas médicos ou que se seja um reformado. Tem-se direito a cinco chamadas todos os meses”, elenca Yauhen Merkis. O trabalho em obras e remodelações é a parte que o jornalista recorda como sendo a mais incómoda. “A parte mais complicada era partir grandes pedras, partes de betão ou asfalto sem qualquer instrumentos profissionais, apenas grandes martelos.”