O grupo extremista Reconquista, investigado pela Polícia Judiciária (PJ), já encontrou outro local para realizar o congresso anual. Na tarde desta sexta-feira, 7 de novembro, o Auditório Francisco de Assis, no Porto, cancelou a reserva do espaço para o evento. O congresso, que vai na terceira edição, reunirá nomes como Martin Sellner, líder do Movimento Identitário da Áustria, e o francês Hilaire Bouyé, ambos defensores da deportação em massa de imigrantes, tal como a Reconquista em Portugal.

Num vídeo publicado perto das 19h00 no Telegram, o líder Afonso Gonçalves afirmou que já foi encontrado um novo local para o encontro. “Já arranjámos um espaço alternativo. O congresso vai realizar-se!”, escreveu, acompanhado de um vídeo onde apela à participação “massiva de toda a gente”.

Segundo Gonçalves, detido várias vezes por insultos xenófobos contra imigrantes e invasão de propriedade privada, a nova morada será enviada aos inscritos apenas este sábado. “Por questões de segurança, o novo local será enviado por e-mail amanhã às 09h00 da manhã a todos aqueles que têm bilhete”, explicou na mensagem que acompanha o vídeo.

Ao saber do cancelamento do local inicial, o líder do movimento, que está em articulação com outros grupos semelhantes europeus, afirmou que “não existe democracia em Portugal”. O auditório justificou o cancelamento com o facto de se tratar de um evento de caráter político, “por não respeitar o regulamento em vigor, que o proíbe expressamente”. Mais cedo, o Expresso noticiou que o partido Livre também teve um pedido de reserva do mesmo auditório recusado por razões políticas.

Esta não é a primeira vez que o grupo Reconquista enfrenta dificuldades na realização de eventos. A segunda edição do congresso, em novembro do ano passado, decorreu na sede da Assembleia Municipal. Depois do evento, surgiram críticas pela cedência do espaço, com a presidente a afirmar que foi “enganada” sobre o encontro.

Mais tarde, esclareceu que o pedido havia sido feito em nome da “juventude do Chega”, algo que, na altura, Afonso Gonçalves negou. “A Reconquista não só revelou a identidade como elencou todos os oradores em e-mails trocados com a AM, e jamais foi referido que fosse da juventude do partido“, afirmou.

Ao mesmo tempo, a Reconquista mantém várias ligações com o grupo partidário de André Ventura. Nas duas últimas eleições, membros da Reconquista participaram em campanhas eleitorais em favor do Chega. Tal como o DN revelou numa reportagem em maio de 2024, um dos objetivos destes extremistas é “preparar o terreno” para que o Chega adote posições mais radicais, sobretudo na área da imigração.