Assim, e olhando para esta tabela, há a destacar que a ULS do Algarve foi a que gastou mais, até setembro de 2025, com prestadores de serviço: mais de 14 milhões de euros para pagar 313 033 horas contratadas, pagando em média 45,2 euros à hora. Depois segue-se a ULS do Médio Tejo, com um gasto de 9,1 milhões de euros em 262 738 horas – no entanto, é das unidades que até paga dos preços mais baixos à hora, 34,8 euros. Segue-se a ULS do Oeste, com um gasto ligeiramente superior a oito milhões de euros em 196 756 horas, o que representa em média 41,1 euros à hora.
Mas as contas feitas pelo DN indicam que há, pelo menos, seis unidades que se destacam pelo que pagam em valor médio à hora: o IPO de Coimbra, onde este valor é, em média, de 58,4 euros, a ULS do Nordeste (Bragança), em que este valor chega aos 61,8 euros, a do Estuário do Tejo, que atinge os 59 euros, a de Gaia/Espinho (56,3 euros), Alto Douro (53 euros) e Cova da Beira (51,9 euros). Nas restantes unidades, o preço médio de hora varia entre os 26,1 euros no IPO de Lisboa, passando pelos 31,3 na ULS de Braga, até aos 36 na ULS Almada Seixal, 48 euros na ULS Viseu-Lafões ou os 42 euros no Alentejo Central.
O administrador hospitalar reforça que estes valores são frequentes para hospitais mais periféricos, porque também são os que têm mais falta de pessoal. “Muitas vezes, estas ULS periféricas têm de contratar médicos que têm de se deslocar de Lisboa ou do Porto para fazerem o serviço. E se o preço não for atrativo, também não vão”, sustenta.
Em relação às áreas urbanas, onde há mais médicos e a concorrência é maior, “já se conseguem praticar preços mais baixos, mas isto é a lei do mercado”, que é o que acontece, por exemplo, nas ULS do Porto e de Lisboa. “Têm mais médicos nos quadros e maior capacidade para captar e reter recursos humanos, e só se contrata prestação de serviços quando não existe mesmo alternativa interna e os preços aqui são mais aceitáveis”.
O presidente da APAH lembra que a situação da atividade por prestação de serviços “foi criada pelo próprio sistema, portanto acho que temos de ter alguma empatia com a situação destes profissionais, porque, em muitos casos, esta opção também não foi delas”, considerando que o primeiro passo deve ser “ouvi-los, saber o que querem, para depois se resolver o problema”. No entanto, destaca, qualquer negociação “não poderá ser feita com grupos inorgânicos, estes médicos terão de se organizar”.
Mas, garante, e conhecendo o setor como conhece, que esta situação só se resolve “oferecendo aos profissionais um contrato que seja atrativo. Estas pessoas têm de sentir vontade de fazer um contrato com o SNS”.
* Com Rui Frias