O nível de alerta do vulcão de Santa Bárbara, na ilha Terceira, nos Açores, voltou, esta quinta-feira, a subir para V3, classificação que indica uma fase de reativação do sistema vulcânico e que já tinha sido registada no verão do ano passado.
A atividade sísmica no vulcão de Santa Bárbara tem-se mantido acima dos valores normais de referência desde junho de 2022.
No mesmo dia em que o nível de alerta voltou a subir, a ilha Terceira registou três sismos com magnitudes de 2.6, 3.8 e 3.6 (do mais antigo para o mais recente), de acordo com a informação disponibilizada no site do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e no CIVISA – Monitorização Sismovulcânica nos Açores.
No entanto, nas últimas semanas também têm sido registados dezenas de sismos na região.
Reprodução// Instituto de Investigação em Vulcanologia e Avaliação de Riscos
O que é um alerta V3 e que tipos de alertas vulcânicos existem?
Segundo o CIVISA, a escala de alertas vulcânicos varia entre V0 e V7:
- V0 – Sistema vulcânico em fase de repouso (atividade normal)
A atividade está dentro dos valores habituais de referência. Ainda assim, podem ocorrer sismos, alterações dos padrões de desgaseificação ou pequenas erupções submarinas sem sinais premonitores detetáveis pelas redes de monitorização existentes; - V1 – Sistema vulcânico em fase de equilíbrio metaestável (atividade fraca)
A atividade apresenta-se ligeiramente acima dos níveis de referência, podendo ter origem tectónica, hidrotermal ou magmática. Há possibilidade de aumento da sismicidade, mudanças no padrão de desgaseificação, instabilidade de vertentes e explosões de vapor; - V2 – Sistema vulcânico em fase de instabilidade (atividade moderada)
A atividade está claramente acima dos valores normais de referência. A qualquer momento a atividade pode intensificar ao nível da sismicidade, podendo também ocorrer explosões de vapor, fluxos de lama (lahars) ou erupções submarinas e subaéreas; - V3 – Sistema vulcânico em fase de reativação (atividade elevada)
A atividade está significativamente acima do normal e há indícios de influência magmática. Este nível pode evoluir para uma fase pré-eruptiva; - V4 – Sistema vulcânico em fase pré-eruptiva (atividade muito elevada)
Atividade a um nível crítico, em que existe uma possibilidade real de erupção. Podem ocorrer explosões de vapor, fluxos de lama e outros fenómenos associados à instabilidade do sistema; - V5 – Erupção em curso (fraca a intensa)
Corresponde a uma erupção magmática ou hidromagmática em curso, que pode variar entre efusiva, de tipo havaiano, com lava fluida e pouca explosividade (VEI 0), até explosiva, de intensidade fraca a intensa (VEI 1 a 3), com erupções capazes de gerar colunas de cinzas e fluxos piroclásticos; - V6 – Erupção em curso (catastrófica a cataclísmica)
Erupção de elevada explosividade, com risco muito elevado e potencial destrutivo significativo; - V7 – Erupção em curso (colossal a mega-colossal)
Representa uma erupção extremamente explosiva e rara, com impacto de larga escala.
O que levou à subida do nível de alerta e o que vai acontecer?
A passagem do nível de alerta do vulcão de Santa Bárbara, na Ilha Terceira, de V2 para V3 não representa, na prática, um risco imediato para a população. Trata-se sobretudo de uma decisão protocolar do IVAR, que identificou nos últimos meses um aumento na frequência e intensidade dos sismos na região.
Com esta elevação, o IVAR reforça a necessidade de uma monitorização mais próxima da atividade vulcânica, intensificando as missões na Ilha Terceira, através de recolhas de gases e de amostras de água nas imediações do vulcão, para avaliar de forma mais precisa o estado atual do sistema vulcânico de Santa Bárbara.
Quais os sinais de que uma erupção pode estar iminente?
De acordo com o Instituto de Estudos Geológicos dos Estados Unidos (USGS), a maioria dos vulcões emite sinais de aviso antes de uma erupção. Entre os principais, destacam-se:
- Aumento da frequência e intensidade dos sismos sentidos na área;
- Deformação do solo, ou seja, o chão inchando ou elevando, fissuras novas aparecerem ou inclinações detetáveis;
- Aumento da libertação de gases ou vapor;
- Alterações térmicas, como o aumento da temperatura de solos;
- Mudanças na composição e nas proporções dos gases vulcânicos libertados.
O que fazer se um vulcão entrar em erupção?
Para o Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores é fundamental haver preparação tanto antes como durante uma erupção vulcânica.
Antes:
- Manter em reserva equipamentos essenciais, como rádio portátil com pilhas, lanterna com pilhas sobressalentes, velas, fósforos ou isqueiro;
- Preparar agasalhos, roupas extras, alimentação para 48 a 72 horas e água potável;
- Ter os documentos de identificação e uma lista de objetos de valor para levar no caso de evacuação;
- Identificar os caminhos de evacuação rápida, especialmente para fora de vales, ou para locais elevados e visíveis para possível salvamento aéreo.
Durante:
- Manter a calma e ajudar os outros a manterem serenidade;
- Manter-se atualizado através do rádio portátil ou meios oficiais;
- Seguir rigorosamente as diretrizes das autoridades com exatidão;
- Estar preparado para a possibilidade de evacuação;
- Evitar visitar áreas afetadas pela erupção.
Quantos vulcões ativos há nos Açores?
Segundo a classificação do Catalogue of the Active Volcanoes of the World (CAVW), é considerado ativo qualquer vulcão ou sistema vulcânico que esteja em erupção ou que possua potencial para voltar a entrar em atividade, incluindo todos os que registaram erupções nos últimos 10 mil anos.
Nos Açores, estão identificados 26 sistemas vulcânicos ativos, dos quais oito são submarinos, lê-se no site do Instituto de Investigação em Vulcanologia e Avaliação de Risco (VARAR).