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James Watson
Ao lado de Francis Crick, Watson identificou a estrutura de dupla hélice do ADN. Famoso cientista tinha 97 anos.
Morreu James Watson, um dos cientistas que revolucionaram a biologia molecular. Foi um dos dois pioneiros no estudo do ADN.
O cientista nascido em Chicago, EUA, juntou-se a Francis Crick (que morreu em 2004) para identificar a estrutura de dupla hélice do ADN.
Esta grande descoberta realizada em 1953 foi um impulso para grandes avanços na biologia molecular, para uma “revolução” na medicina, no combate ao crime, na genealogia e na ética.
James Watson tinha na altura apenas 24 anos – mas logo a partir daí passou a ser uma figura venerada no mundo da ciência.
Recebeu o Prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina em 1962, juntamente com Maurice Wilkins e precisamente com Francis Crick, pelas descobertas “sobre a estrutura molecular dos ácidos nucleicos e a sua importância para a transferência de informação no material vivo” – ou seja, a estrutura do ADN.
Também recebeu prémios como a Medalha Presidencial da Liberdade e a Medalha Nacional da Ciência.
Os genes e a inteligência
Nos últimos anos foi criticado por comentários considerados ofensivos sobre raças e género; chegou a dizer que os genes originam diferenças entre pessoas negras e brancas quando fazem testes de QI.
As palavras polémicas foram ditas em 2007, no The Times: “Estou inerentemente pessimista em relação às perspectivas de África porque todas as nossas políticas sociais se baseiam no facto de a inteligência deles ser igual à nossa – enquanto todos os testes dizem que não é bem assim“.
Watson preferia que a inteligência de todas as raças fossem iguais, mas avisou: “As pessoas que têm de lidar com funcionários negros descobrem que isso não é verdade”.
Apesar de ter pedido desculpa pouco depois, na altura sofreu sanções profissionais e inúmeras condenações públicas, incluindo dentro da comunidade científica. Deixou de ser o “chanceler” do Laboratório Cold Spring Harbor, foi afastado de todas as suas funções administrativas. O próprio contou, em 2014, que estava a ser ostracizado pela comunidade científica.
Aliás, o Laborário Cold Spring Harbor, onde o cientista trabalhou durante décadas, reconhece que os contributos desta referência mundial para a ciência – mas, em 2019, retirou os títulos honorários que lhe tinha oferecido rompeu todos os laços com Watson.
No entanto, logo na altura (2008) e também dentro da comunidade científica, houve quem defendesse que James Watson tinha razão.
Jason Malloy escreveu um editorial no Science Direct a avisar que James Watson tinha dito uma “verdade inconveniente”.
O especialista justificou a sua versão: “Primeiro, os testes de inteligência revelam grandes diferenças entre as nações europeias e da África subsariana. Segundo, as evidências relacionam estas diferenças com resultados universalmente valorizados, tanto dentro como entre nações. Terceiro, existem dados que sugerem que estas diferenças são influenciadas por factores genéticos”.
Nuno Teixeira da Silva, ZAP //