Cancro do pulmão de pequenas células é um desafio no diagnóstico e no tratamentoCancro do pulmão de pequenas células é um desafio no diagnóstico e no tratamento

O cancro do pulmão de pequenas células (CPPC), um tipo altamente agressivo e muitas vezes negligenciado que “representa cerca de 14% dos cancros do Pulmão e que da totalidade dos doentes, apenas um terço tem doença localizada na altura do diagnóstico, sendo possível um tratamento curativo” explicou Marta Soares, médica Oncologista e Coordenadora da Clínica de Patologia Pulmonar e Torácica do IPO Porto, citada em comunicado da PharmaMar, quando se assinala o Dia Mundial do Cancro do Pulmão, a 1 de agosto.

O prognóstico do cancro do pulmão de pequenas células mostra a natureza agressiva deste tumor que se multiplica muito rapidamente e metastiza precocemente para outras partes do corpo. No entanto, apesar dos desafios, nos últimos anos surgiu um novo paradigma para estes doentes, graças ao aumento da investigação sobre este tipo de cancro ainda pouco conhecido.

Um estudo apoiado pela biofarmacêutica PharmaMar e realizado a nível nacional em hospitais de Norte a Sul do país mostra que este tipo de cancro está intimamente ligado ao consumo de tabaco, com 95% dos doentes que declararam ser ou já terem sido foram fumadores.

Os sintomas, são de tosse persistente, dor no peito, falta de ar, tosse com sangue, fadiga e perda de peso sem causa conhecida, que inicialmente podem ser ligeiros ou confundidos com problemas respiratórios comuns, como asma ou DPOC, o que leva a em muitos casos um diagnóstico tardio, e como referiu Marta Soares, “os sintomas iniciais, como tosse ou cansaço, são muitas vezes desvalorizados pelos próprios doentes, especialmente fumadores, que já estão habituados a estes sinais. Por isso, o tumor é com frequência detetado num estado avançado, com doença metastizada”.

A PharmaMar referiu no comunicado que as abordagens terapêuticas para o cancro do pulmão de pequenas células, especialmente no estádio extenso, são muito escassas, com progressões muito precoces, e o estudo monstra que em cada 10 novos diagnósticos, sete apresentam doença extensa, e que, para quase 20% das pessoas com doença extensa, o mercado não oferece uma opção de tratamento “válida” ou suficiente, impedindo-as de iniciar uma primeira linha de tratamento. Embora o tumor possa, em muitos casos, responder bem ao primeiro tratamento de quimioterapia e radioterapia, no entanto, rapidamente reaparece.

“A elevada proporção de pacientes que não conseguem receber linhas de tratamento subsequentes destaca a importância de desenvolver estratégias de tratamento eficazes no contexto de primeira linha para melhorar o prognóstico dos pacientes com esta doença agressiva e difícil de tratar”, referiu a especialista.

No entanto, nos últimos anos, surgiram avanços significativos, e “este ano foram também apresentados dados de novas estratégias que demonstraram uma redução do risco de progressão da doença ou morte, traduzindo-se num benefício de sobrevivência”, acrescentou Marta Soares.

Os atuais avanços são recebidos pelos doentes com esperança, mas a presidente da Associação PULMONALE, Isabel Magalhães, relevou que “as alternativas de tratamento para o CPPC têm sido historicamente limitadas comparativamente a outros tipos de cancro do pulmão. Qualquer evolução terapêutica que possibilite mais qualidade de vida aos doentes é de extrema importância.”

A presidente da associação reforçou ainda que “a sensibilização é crucial, não só porque o CPPC é um dos cancros com maior taxa de mortalidade, mas também porque se trata de uma doença em grande parte evitável. A prevenção primária e a capacidade de reconhecer os sintomas devem ser transversais a todos os tipos de cancro do pulmão.”

Sugerir correção Sugira uma correção