(CC0/PD) StockSnap / Pixabay

Lucros são fantásticos, mas dúvidas acerca da ética da empresa de streaming sueca levam cada vez mais a abandonar o serviço. 

Esta semana, mais um escândalo abalou o Spotify. O gigante da música sueco foi acusado, num processo judicial iniciado pelo rapper RBX, de ignorar redes de “bots” (contas falsas) que geram audições artificiais para inflacionar os números de artistas muito ouvidos como Drake, em prejuízo de músicos menos conhecidos, apontava o Le Monde.

Mas este não é o único motivo que está a levar muitos utilizadores a abandonarem a aplicação de reprodução de música nos últimos meses.

A empresa, com quase 700 milhões de utilizadores de todo o mundo tem grandes lucros, independentemente do boicote de que tem sido alvo por algumas bandas e antigos utilizadores. Fechou o terceiro trimestre com uma subida na faturação de 7% para 4,27 mil milhões de euros, segundo o Jornal de Negócios, resultado da subida de preço das subscrições e do despedimento de trabalhadores.

Mas porque se manifestam os artistas? Tem tudo a ver com o CEO da empresa, Daniel Ek, que manterá uma ligação com a Helsing, uma empresa de inteligência artificial orientada para a defesa, cuja missão é “alcançar a liderança tecnológica para que as sociedades democráticas sejam livres para tomar decisões soberanas e controlar os seus padrões éticos”, cita a NPR.

Já há vários anos que a falta de ética profissional é uma preocupação para os artistas com músicas na plataforma. O líder dos Radiohead, Thom York, já retirara um álbum da plataforma em 2013 devido aos baixos pagamentos pelos direitos de autor do serviço de streaming.

Agora, segue-lhe os passos a banda de rock King Gizzard & the Lizard Wizard e até mesmo alguns artistas portugueses já manifestaram o seu descontentamento face à aplicação. Salvador Sobral, por exemplo, publicou numa história do Instagram uma imagem na qual se via o Spotify desinstalado do seu telemóvel. Diz estar a ganhar “coragem” para retirar as suas músicas da plataforma.

Utilizadores procuram alternativas

Tiago Conde tem 30 anos e há já algum tempo deixou de usar o Spotify porque não quis compactuar com “o pagamento miserável aos artistas”. Aponta também “as decisões de investimento da empresa de armamento Helsing por parte do CEO do Spotify que no contexto atual e indo contra os meus valores morais contribuíram ultimamente para a minha decisão de deixar o Spotify”.

Afirma também que “as pessoas estão muito preocupadas por causa das playlists mas existem ferramentas que permitem fazer essa transferência de playlists do Spotify para Tidal, Apple Music…”.

Já Vasco Godinho, 31 anos, tomou a mesma decisão. “É absolutamente ridículo ter uma plataforma de música em que os artistas são miseravelmente pagos para depois estar em investir em armamento militar quando esse dinheiro poderia ir para a indústria musical”.

Ambos os jovens apostaram no Tidal, uma aplicação disponível na App Store que oferece pacotes de 7.49 €/mês e 3.74 €/mês para estudantes. Tiago considera que “não é perfeita”, mas a aplicação serve de alternativa “melhor que o Spotify”.


Carolina Bastos Pereira, ZAP //


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