A ex-provedora das Forças de Defesa de Israel (IDF) Yifat Tomer-Yerushalmi, que está em prisão domiciliária depois de ter admitido a divulgação de um vídeo em que é documentada a tortura sobre um preso palestiniano, foi hospitalizada este domingo na sequência do que está a ser interpretado como uma tentativa de suicídio, segundo a imprensa israelita.

Tomer-Yerushalmi foi levada para um hospital em Telavive depois de ter sido dado um alerta por familiares. Segundo uma fonte citada pelo jornal Haaretz, a jurista terá ingerido uma grande quantidade de comprimidos para adormecer.

Quando foi assistida estava consciente e fora de perigo, de acordo com o mesmo jornal.

A hospitalização é mais um episódio de um escândalo que está a abalar a reputação das IDF junto da sociedade israelita, num contexto de enorme polarização agravada pela guerra na Faixa de Gaza.


No final do mês passado, Tomer-Yerushalmi demitiu-se do cargo de provedora-geral do Exército israelita depois de ter admitido publicamente ter enviado a um jornalista um vídeo em que era possível ver um preso palestiniano a ser torturado por militares israelitas.

O preso ficou gravemente ferido, apresentando sete costelas partidas, um pulmão perfurado, o recto lacerado e hemorragias internas, tendo sido sujeito a cirurgia e uma colostomia. Há a suspeita de que o homem palestiniano tenha sido sodomizado com um objecto.

Foi aberta uma investigação a cinco reservistas suspeitos de terem agredido o prisioneiro, mas não foi incluída qualquer referência a uma possível violação.

O caso deu origem a um debate intenso na sociedade israelita sobre os limites da violência sobre presos palestinianos, mas também sobre a origem da fuga de informação.

Quando apresentou a demissão, a 31 de Outubro, Tomer-Yerushalmi revelou ter divulgado o vídeo, mas desapareceu logo de seguida. Foi encontrada há uma semana, numa praia, sem o telemóvel, e as autoridades suspeitaram que se poderia ter tratado de uma tentativa de suicídio – a ex-provedora tinha deixado uma carta à família na qual aparentemente se despedia.

Permaneceu alguns dias numa prisão e na sexta-feira foi posta em prisão domiciliária. É suspeita de fraude e quebra de confiança, abuso de poder, obstrução à justiça e divulgação indevida de informação.

No sábado à noite, cerca de cem pessoas organizaram um protesto, convocado por organizações de direita, nas imediações da casa de Tomer-Yerushalmi com a exigência de que volte a ser detida numa prisão.

Corpo de soldado devolvido

Entretanto, o Governo israelita confirmou este domingo ter recebido do Hamas os restos mortais de um soldado que foi morto em 2014 na Faixa de Gaza.

As autoridades israelitas ainda não fizeram uma identificação formal para averiguar se o corpo pertence a Hadar Goldin, morto durante a guerra entre Israel e o Hamas em 2014.

Segundo o Hamas, o cadáver foi encontrado num dos túneis na zona de Rafah, no Sul da Faixa de Gaza, e entregue à Cruz Vermelha.

“Temos o legado desde a fundação do nosso Estado – desde a guerra pela independência até hoje – de recuperar os nossos soldados que caíram em batalha, e estamos a fazê-lo”, declarou o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.

Desde o cessar-fogo em Gaza, o Hamas já libertou os 20 reféns capturados desde 2023 e a maioria dos restos mortais dos reféns mortos (ainda faltam cinco), cumprindo um dos pontos do acordo mediado pelo Presidente dos EUA, Donald Trump. Em troca, Israel libertou quase dois mil presos palestinianos.