No requerimento, a que a RTP teve acesso, Sócrates contesta a nomeação de um advogado oficioso. Decisão tomada pelo tribunal após a renúncia do seu advogado no processo da Operação Marquês, Pedro Delille.

O antigo governante exorta assim a juíza presidente do coletivo, Susana Seca, a acabar “com o lamentável e degradante espetáculo de ver na televisão alguém que reclama” ser seu advogado. “Sem que alguma vez lhe tenha conferido qualquer mandato”, vinca José Sócrates.

“É uma situação que muito me desagrada e que, insisto, deve cessar imediatamente – se tenho vinte dias para escolher novo advogado, por favor poupem-me à penosa encenação de ver alguém falar em meu nome contra a minha vontade, dando expressão pública à continuada caricatura de abusos em que este processo se tornou fértil”, reforça.“Eu é que escolho o meu advogado”, sublinha Sócrates no requerimento.

Ainda segundo José Sócrates, em causa está o próprio direito à defesa, que não pode ser condicionado “com alegações de urgência, nem com prazos de julgamento sugeridos por dirigentes do Conselho Superior da Magistratura”.

A defesa, sustenta o antigo primeiro-ministro, não pode ser acautelada por um causídico que não esteja a par do processo e sem tempo suficiente para o estudar, ou sem condições para seguir, em audiência, a exibição de documentos.

Recorde-se que, na passada quarta-feira, Sócrates havia já feito notar que não fora notificado para designar um substituto de Pedro Delille: ”Depois da renúncia, não escolhi outro advogado. Não fui notificado para escolher advogado. Não fui, aliás, contactado por ninguém sobre esse assunto, nem mandatei nenhum outro advogado”.

“Com toda a firmeza, não é a senhora juíza que escolhe o meu futuro advogado, nem o Estado judiciário me impõe um defensor”, enfatizava então o arguido.O processo da Operação Marquês soma 21 arguidos
acusados de um total de 117 crimes económico-financeiros. O julgamento
tem sessões marcadas até 18 de dezembro.

José Sócrates está pronunciado por 22 alegados crimes, incluindo três de corrupção. É acusado de ter recebido dinheiro para beneficiar o grupo Lena, o Grupo Espírito Santo e a estância de Vale do Lobo, no Algarve.

c/ Lusa