Remko de Waal / EPA

Os “biliões de dólares arrecadados com as tarifas” aduaneiras impostas por Donald Trump à maior parte dos países vão ser “distribuídos pelo povo”, diz o presidente.

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou este domingo que será pago aos norte-americanos um “dividendo aduaneiro” de 2.000 dólares. Numa publicação na rede social Truth Social, Trump afirmou que os pagamentos abrangerão todos os cidadãos, exceto os de “rendimentos elevados”.

O presidente chamou ainda “tontos” aos críticos das tarifas e garantiu que os Estados Unidos estão “a arrecadar biliões de dólares, e em breve começaremos a reduzir a nossa ENORME DÍVIDA, de 37 biliões.”

O Supremo Tribunal está a analisar a legalidade das amplas tarifas impostas por Trump, justificadas ao abrigo da International Emergency Economic Powers Act (IEEPA). Tribunais de primeira instância já tinham considerado que muitas dessas taxas eram ilegais.

O Business Insider recorda que o presidente já tinha avançado em outubro, numa entrevista à One America News Network, a possibilidade de vir a fazer uma “distribuição ao povo” de 1.000 a 2.000 dólares, com base nas receitas das tarifas, que, segundo previa, poderiam gerar mais de um bilião de dólares por ano.

Num comunicado publicado em setembro, o Departamento do Tesouro revelou ter arrecadado 195 mil milhões de dólares em direitos aduaneiros no ano fiscal de 2025.

Para os consumidores, a perspetiva de um pagamento extra poderá ser particularmente bem-recebida, numa altura em que o custo de vida continua a aumentar e o Governo se mantém parcialmente encerrado.

No entanto, qualquer esquema deste tipo precisaria provavelmente da aprovação do Congresso. Trump já indicou anteriormente que preferia canalizar as receitas aduaneiras para reduzir a dívida pública.

Durante o programa “This Week” da ABC, transmitido na manhã de domingo, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou ao comentador político e apresentador George Stephanopoulos que o objetivo da administração com as tarifas é “restabelecer o equilíbrio comercial”, e não gerar receitas.

O anúncio de Trump é o mais recente episódio de uma longa batalha política em torno do custo de vida. O ex-presidente construiu parte da sua campanha eleitoral sobre essa questão, criticando repetidamente o ex-presidente Joe Biden pela inflação e prometendo “reduzir imediatamente os preços” se regressar à Casa Branca.

Os democratas, entretanto, têm recorrido à mesma estratégia. Esta semana, vários candidatos democratas, incluindo Zohran Mamdani, conquistaram vitórias nas eleições em Nova Iorque, Nova Jérsia e Virgínia, após campanhas centradas nas dificuldades com o custo de vida.

Mamdani, o recém-eleito presidente da Câmara de Nova Iorque, a quem Trump chamou “comunista lunático”, prometeu congelar as rendas, tornar as creches e os autocarros gratuitos e criar supermercados municipais.

“Donald Trump, já que sei que está a ver, tenho três palavras para si: aumente o volume”, declarou Mamdani no discurso da vitória.


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