O presidente do Brasil abriu esta segunda-feira a 30ª cimeira do clima das Nações Unidas com uma mensagem aos “negacionistas” da crise climática: é o momento de lhes impor “uma nova derrota”.
“A COP30 será a COP da verdade. Na era da desinformação, os obscurantistas rejeitam não só as evidências da ciência, mas também os progressos do multilateralismo. Eles controlam algoritmos, semeiam o ódio e espalham o medo. Atacam as instituições, a ciência e as universidades. É momento de impor uma nova derrota aos negacionistas“, declarou o chefe de Estado do Brasil.
Ao longo de duas semanas, a Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP30) que está a decorrer em Belém, na Amazónia brasileira, procurará manter a cooperação global. A cimeira é marcada pela ausência dos Estados Unidos, que não enviaram nem o seu presidente, Donald Trump, nem qualquer delegação.
O presidente brasileiro quis vincar que o investimento no clima, que tem gerado discórdia entre as várias nações, custa “muito menos” do que as guerras.
“Se os homens que fazem guerra estivessem aqui nesta COP, eles iriam perceber que é muito mais barato colocar 1,3 triliões de dólares para acabar com o problema climático do que colocar 2,7 triliões para fazer guerra como fizeram no ano passado”, acusou.

Lula da Silva explicou que “estamos a ir na direção certa, mas à velocidade errada” no que diz respeito ao combate às alterações climáticas.
“No ritmo atual, ainda avançamos rumo a um aumento superior a um grau e meio na temperatura global. Romper essa barreira é um risco que não podemos correr”, avisou o presidente.
Lula da Silva apelou ainda à formulação de metas climáticas mais ambiciosas e exortou os países desenvolvidos a garantirem “financiamento, transferência de tecnologia e capacitação aos países em desenvolvimento”.
“Precisamos de mapas do caminho para que a humanidade, de forma justa e planeada, supere a dependência dos combustíveis fósseis, pare e reverta o desmatamento e mobilize recursos para esses fins”, considerou.“Precisamos de soluções”
Simon Stiell, secretário da ONU para o Clima, vincou por sua vez que “lamentarmo-nos não é uma estratégia, precisamos de soluções”.
O responsável pediu que as negociações nesta cimeira produzam resultados concretos, nomeadamente mais compromissos para eliminar os combustíveis fósseis, desenvolver as energias renováveis e enviar dinheiro aos países pobres para os ajudar a lidar com as alterações climáticas.
“É absurdo, tanto económica como politicamente, procrastinar numa altura em que mega-secas estão a destruir as colheitas nacionais e a fazer com que os preços dos alimentos disparem”, argumentou.
Esta tarde, a ONU avançou que o número de países com novas metas de redução de emissões de gases com efeito de estufa subiu para 113 na véspera da cimeira.
Representantes de cerca de 170 países participam a partir desta segunda-feira na COP30, sendo a primeira vez que a conferência climática se realiza na maior floresta tropical do planeta, um ecossistema vital para a regulação da temperatura global, mas também um dos mais ameaçados pela desflorestação e pela mineração ilegal.
As negociações prolongar-se-ão até ao dia 21 de novembro, com possibilidade de se estenderem por mais alguns dias.
c/ agências