Mais de 90 mil votantes depois, Rui Costa garantiu que continuará a ser presidente do Benfica – pelo menos até 2029. Neste sábado, o candidato da lista G fechou a segunda volta da eleição com 65,89% dos votos, superando os 34,11% de João Noronha Lopes, que volta a sair derrotado – perdeu para Luís Filipe Vieira em 2020 e já tinha perdido a primeira volta desta disputa para Rui Costa.
O candidato da continuidade derrotou, assim, o da mudança. Os sócios do Benfica gostam do rumo actual ou não vêem em Noronha Lopes competência para ser melhor? A resposta pode estar numa das premissas – ou em ambas.
O certo é que os sócios “encarnados” querem que o rumo se mantenha e olham para Rui Costa como a solução ideal – pelo menos entre as que tinham nos boletins de voto.
Nesta segunda volta, a lógica imperou: não é comum um presidente em funções perder uma reeleição – André Villas-Boas contra Pinto da Costa e Manuel Vilarinho contra Vale e Azevedo são dois dos poucos exemplos. E também não é comum, mesmo na política, um vencedor da primeira volta ser ultrapassado na segunda – Noronha Lopes não conseguiu ser Mário Soares.
Nessa medida, Rui Costa confirmou o favoritismo, até pelo peso teórico dos votantes de Luís Filipe Vieira, que poderiam pender mais para o actual líder do que para uma mudança de rumo com Noronha Lopes.
Para trás já tinham ficado o antigo presidente Luís Filipe Vieira (13,86%), João Diogo Manteigas (11,48%), Martim Mayer (2,10%) e Cristóvão Carvalho (0,18%), todos eliminados na primeira volta – todos queriam mudança, mas nenhum convenceu os sócios de que faria melhor do que o actual presidente.
Este resultado encerra um processo eleitoral que começou relativamente calmo, mas que foi subindo na escala de agressividade. Pelo meio da discussão de ideias, a campanha teve ataques pessoais, ingerência na vida privada, entrevistas duras e debates acesos – sobretudo o último, entre Rui Costa e Noronha Lopes, com um tom bastante mais inflamado.
Acabada a campanha, Rui Costa vai poder trabalhar mais quatro anos.
Houve recorde
Esta eleição deu direito a recorde do mundo. Nunca um clube de futebol tinha tido tantos associados a votarem numa eleição para os órgãos sociais e o Guinness World Records confirmou a façanha: foram 93.891 mil sócios a escolherem o futuro do Benfica, batendo o anterior recorde, que estava na posse do Barcelona.
Depois do recorde não oficial na primeira volta (o Guinness não o considerou por não ter resultado num presidente eleito), havia alguma dúvida sobre se esse registo poderia ser batido – ao contrário do dia 25 de Outubro, este dia 8 de Novembro não tinha jogo da equipa principal de futebol a decorrer no Estádio da Luz. E o próprio cenário meteorológico menos simpático sugeria inibição nos sócios.
Os eleitores “encarnados” quiseram garantir, porém, que chuva e conveniência futebolística não seriam factores decisivos. A meio do dia já havia mais votantes do que na primeira volta, sugerindo que o recorde seria uma questão de horas.
A confirmação chegou pouco depois das 22h, com o anúncio do número oficial, pouco depois do encerramento das urnas. E os resultados já depois das 02h deste domingo, com a festa da nova direcção, liderada novamente por Rui Costa.