Um sistema de realidade virtual que adapta estímulos visuais e sonoros em tempo real, com base no eletroencefalograma, vai ser testado para reduzir a ansiedade em doentes com hipertensão arterial pulmonar durante a realização de cateterismos cardíacos direitos. O projeto, liderado pelo Dr. Tiago Peixoto, da ULS de Santo António, venceu a 7.ª edição do Prémio MSD de Investigação em Saúde, que distinguiu ainda dois estudos sobre um substituto do sal para insuficiência cardíaca e um método de imagem para deteção precoce de Alzheimer.

Um projeto que propõe o uso de realidade virtual para diminuir a ansiedade em doentes com hipertensão arterial pulmonar submetidos a cateterismo cardíaco direito foi o grande vencedor da 7.ª edição do Prémio MSD de Investigação em Saúde. A iniciativa, representada pelo Dr. Tiago Peixoto, médico interno de Cardiologia no hospital Santo António, parte de um problema concreto: a elevada taxa de ansiedade e depressão associada a esta condição progressiva e potencialmente fatal, que afeta maioritariamente adultos jovens.

O cateterismo cardíaco direito, sendo invasivo e realizado repetidamente, gera uma apreensão significativa. E o recurso a ansiolíticos convencionais é desaconselhado, pois pode interferir com a fiabilidade dos resultados hemodinâmicos obtidos. É nesta fratura entre o bem-estar do doente e a precisão diagnóstica que o projeto se insere, propondo um ensaio clínico randomizado e pragmático. O sistema em avaliação combina ambientes imersivos em realidade virtual com a monitorização neurofisiológica através de eletroencefalograma. Os sinais cerebrais são usados para ajustar dinamicamente os estímulos sensoriais, criando uma experiência neuroadaptativa.

Para além do projeto vencedor, foram atribuídas duas Menções Honrosas. Uma delas vai para um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, representado pela Dra. Paula Matias, que pretende avaliar a segurança e eficácia de um substituto do sal enriquecido com potássio em doentes com insuficiência cardíaca. Designado SWAP-SALT-HF, este ensaio clínico randomizado e duplamente cego procura responder a uma lacuna: a falta de evidência robusta sobre o uso destes produtos numa população de alto risco, onde o consumo de sal é um fator agravante.

A outra menção distingue um trabalho do mesmo centro do projeto vencedor, a ULS de Santo António, liderado pelo Dr. Francisco Almeida. O foco aqui desliza para o campo das neurociências, utilizando uma técnica de ressonância magnética específica – a imagem de neuromelanina – para detetar alterações precoces no locus coeruleus e na substantia nigra. Estas pequenas estruturas do tronco cerebral são afetadas nas fases iniciais da doença de Alzheimer e da patologia de corpos de Lewy. O objetivo é encontrar correlações entre a integridade destas áreas e biomarcadores conhecidos, abrindo portas a um diagnóstico mais precoce e preciso.

Criado em 2019, o Prémio MSD de Investigação em Saúde visa apoiar a concretização de protocolos de investigação com potencial impacto na melhoria dos cuidados de saúde em Portugal, desenvolvidos por equipas que integram médicos internos e especialistas.

PR/HN

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