Historicamente concentrada na fabricação de chips para smartphones e componentes de telecomunicações, a Qualcomm está disposta a travar uma nova batalha ao apostar suas fichas agora no mercado de data centers com seus novos chips de inteligência artificial (IA), anunciados nas últimas semanas.
Para o CEO da companhia, o brasileiro Cristiano Amon, o mercado de infraestrutura de IA está agora focado na etapa de inferência da tecnologia, que é quando os modelos de IA já estão em uso e precisam ser mais eficientes tanto para realizar as tarefas quanto no consumo de energia. E a Qualcomm acredita ter expertise para conquistar uma fatia deste mercado, garante o executivo.
Ao GLOBO, durante conversa com jornalistas, ele detalhou o que julga ser o diferencial da empresa.
— Você precisa ser eficiente na densidade do quanto você consegue processar, sob qual o custo e consumo de energia — explica. — E é aí que temos vantagem. Viemos de processadores que estão acostumados a trabalhar com bateria com baixo consumo de energia, que é uma solução bastante competitiva no processamento de IA. Nosso DNA é criar chips com baixo consumo.
Amon participou nesta terça-feira do Web Summit Lisboa, conferência de tecnologia, com a palestra “Design centrado no ser humano na era da IA”. Em seguida, conversou com jornalistas.
Para o executivo, mirar em chips de IA é uma “evolução natural” da companhia. No dia 27 de outubro, a companhia anunciou dois novos chips: os processadores AI200 e AI250. O AI200 ficará disponível no ano que vem, enquanto o AI250 será lançado em 2027.
Questionado sobre como a empresa pretende ofertar estes chips em meio às restrições impostas pelo governo americano à venda de chips para mercados asiáticos, Amon minimizou eventuais impactos.
— Em vários países, não é necessário licença (para comprar chips). Os que precisam de licença, os clientes estão interessados, temos trabalhado junto a isso — disse. — E assinamos um contrato com a Arábia Saudita (através da HUMAIN, iniciativa do governo saudita) para 200 MW de capacidade e estamos em conversa com outras empresas de IA. É um momento importante para a Qualcomm — concluiu.
*A repórter viajou a convite do Web Summit