A designação “bi-fuel” descreve veículos capazes de funcionar com dois combustíveis distintos, normalmente gasolina e GPL. Essa flexibilidade combina a conveniência da gasolina com o custo e a eficiência ambiental do GPL. O resultado é simples: mais autonomia, menores custos por quilómetro e emissões mais baixas. Conheça tudo sobre a tecnologia.
Como funciona um sistema bi-fuel (gasolina + GPL)?
Um automóvel bi-fuel possui um depósito convencional de gasolina e um segundo depósito específico para GPL, normalmente instalado na zona da mala ou no lugar do pneu suplente. O GPL é armazenado em estado líquido, sob pressão, e passa por um redutor antes de ser injetado no motor.
O sistema é gerido por uma central eletrónica que permite alternar entre gasolina e GPL. Essa mudança pode ser feita manualmente, através de um simples botão no habitáculo, ou automaticamente, quando o depósito de GPL se esgota.
Nos modelos produzidos de fábrica – como o Renault Clio ECO-G – toda esta integração é feita de origem, o que garante homologação, garantia e integração mecânica/eletrónica superior.
Economia real e autonomia duplicada
O principal argumento do bi-fuel é económico. Em Portugal, o litro de GPL custa em média cerca de 0,82 € (dados de novembro de 2025), valor muito inferior ao da gasolina. Essa diferença traduz-se em poupanças de 30 a 40% no custo por quilómetro quando se circula com GPL.
Mas há outro benefício: a autonomia total. Como o automóvel tem dois depósitos, a distância percorrida antes de reabastecer pode ultrapassar facilmente os 1000 ou mesmo 1300 km. Essa versatilidade elimina qualquer “ansiedade de autonomia” e torna o bi-fuel especialmente vantajoso para quem percorre distâncias longas.
O retorno do investimento – no caso das versões de origem, praticamente imediato – é particularmente interessante para condutores que fazem mais de 15.000 km por ano. E, ao contrário das conversões aftermarket, as versões Eco-G da Renault já saem otimizadas e prontas para circular, sem alterações à garantia.
Impacto ambiental do GPL, usado nas máquinas da Renault
O GPL é um combustível de combustão mais limpa do que a gasolina ou o gasóleo. Queima de forma mais completa, reduzindo a emissão de partículas, óxidos de azoto (NOx) e monóxido de carbono.
Diversos estudos internacionais confirmam que as emissões diretas de CO2 por quilómetro podem ser ligeiramente inferiores às da gasolina, com reduções mais notórias noutros poluentes atmosféricos.
Embora o ciclo de vida total não seja tão “verde” quanto o de um veículo elétrico alimentado por energia renovável, o bi-fuel representa uma sólida opção de transição: oferece reduções imediatas de emissões sem exigir uma infraestrutura de carregamento ou um investimento inicial elevado.
E no contexto português?
Portugal é um dos países europeus com melhor rede de abastecimento de GPL. A cobertura é densa nas zonas urbanas e nas principais vias rodoviárias, o que lhe permite fazer viagens de norte a sul sem preocupações. Essa infraestrutura torna o GPL uma alternativa viável e prática para muitos condutores.
O mercado nacional continua a acolher bem os modelos bi-fuel. A Renault, por exemplo, comercializa oficialmente o Clio ECO-G/ Bi-Fuel, com todas as homologações de fábrica e autonomia combinada que pode ultrapassar os 1000 quilómetros.
Apesar do crescimento dos elétricos e híbridos, há uma larga faixa de condutores portugueses – especialmente os que vivem em prédios sem garagem ou conduzem longas distâncias – para quem o bi-fuel é a escolha mais racional. É uma solução económica e ambientalmente equilibrada.
Num momento em que a transição energética avança, mas de forma desigual, esta tecnologia continua a fazer todo o sentido.
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