Para alguns cientistas, essa explicação para os supostos chupacabras é suficiente. “Não acho que precisamos procurar mais ou pensar que ainda há outra explicação para essas observações”, disse Barry OConnor, entomologista da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, que estudou o Sarcoptes scabiei, o parasita que causa a sarna.
Da mesma forma, Kevin Keel – um pesquisador estadunidense especialista em doenças da vida selvagem – viu imagens de um suposto cadáver de chupacabra e reconheceu claramente que se tratava de um coiote, mas disse que podia imaginar como outras pessoas poderiam não reconhecer.
“Ainda parece um coiote, só que um coiote bem feio”, disse Keel. “Eu não pensaria que é um chupacabra se o visse na floresta, mas já que estou acostumado a ver coiotes e raposas com sarna há um tempo. Um leigo, no entanto, pode ficar confuso quanto à sua identidade.”
O Sarcoptes scabiei também causa a erupção cutânea com coceira conhecida como sarna em humanos. Os ácaros se enterram sob a pele do hospedeiro e secretam ovos e resíduos, o que desencadeia uma resposta inflamatória do sistema imunológico.
Em humanos, a sarna — a reação alérgica aos resíduos dos ácaros — geralmente é apenas um incômodo menor. Mas a sarna pode ser fatal para caninos, como coiotes, que não desenvolveram reações especialmente eficazes à infecção por Sarcoptes.
OConnor especula que o ácaro passou dos seres humanos para os cães domésticos e, em seguida, para coiotes, raposas e lobos na natureza. Sua pesquisa sugere que a razão para as respostas dramaticamente diferentes entre esses animais é que os seres humanos e outros primatas viveram com o ácaro Sarcoptes durante grande parte de sua história evolutiva – enquanto outros animais não.
“Os primatas são os hospedeiros originais” do ácaro, disse OConnor. “Nossa história evolutiva com os ácaros nos ajuda a manter [a sarna] sob controle, para que ela não saia tomando todo o corpo como acontece quando atinge [outros] animais.”
Em outras palavras, os humanos evoluíram a ponto de nosso sistema imunológico ser capaz de neutralizar a infecção antes que ela nos neutralize.
Os ácaros também têm evoluído, sugeriu Keel. O parasita teve tempo para otimizar seu ataque aos seres humanos de forma a não nos matar, o que eliminaria nossa utilidade para os ácaros, disse ele.
Já em animais não humanos, o Sarcoptes ainda não descobriu esse equilíbrio. Em coiotes, por exemplo, a reação pode ser tão grave que causa queda de pelos e constrição dos vasos sanguíneos, aumentando a fadiga geral e até mesmo a exaustão.