(em atualização)
O aumento do último mês face à média mensal deste ano deixa as autoridades de saúde atentas à evolução nas próximas semanas. Foi também registado em Portugal o primeiro caso de uma variante mais preocupante.
Está assim a ser registado um aumento de infeções ligadas a este vírus, tendo em conta que a média mensal é de cerca de 11 casos, de acordo com os dados inseridos no Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica.
Numa nota conjunta enviada à Antena 1, as duas entidades assumem que desde junho de 2024 há um número “reduzido, mas contínuo” de casos de mpox reportados todas as semanas.
“No entanto, nas últimas semanas observou-se um aumento do número de casos, sugerindo uma possível intensificação da transmissão, embora ainda sem evidência de um novo pico epidémico”, explicam a DGS e o INSA.
Registado pela primeira vez em humanos em 1970, na República Democrática do Congo, no continente africano, o contágio ocorre por contacto próximo com pessoas infetadas, incluindo por via sexual. Entre os sintomas destacam-se lesões na pele e mucosas inclusivamente na região genital.
Os casos que começaram a ser registados fora de África levaram a Organização Mundial de Saúde (OMS) a classificar a mpox como uma emergência de saúde pública de âmbito internacional em julho de 2022, situação que se prolongou até maio do ano seguinte. O surgimento de uma variante mais preocupante, a clade Ib, fez regressar a declaração entre agosto de 2024 e setembro deste ano.
Portugal foi dos primeiros países a registar a infeção humana pelo vírus, que teve um primeiro surto entre maio de 2022 e março de 2023, com 953 casos. Seguiram-se dois surtos com menos infeções: 229 casos entre junho de 2023 e março de 2024, e 20 casos de junho de 2024 a fevereiro de 2025.
Nesta altura as autoridades de saúde não falam de um quarto surto. Mas a “possível intensificação da transmissão” registada em outubro da variante dominante deixa DGS e INSA em alerta.
Nos números enviados à Antena 1 na terça-feira, desde agosto contam-se 29 casos: nesse mês foram dez, enquanto em setembro foram três e outros 16 confirmados em outubro.
“Embora se tenha verificado um aumento de casos reportados por clade IIb em outubro de 2025, em relação à média do ano de 2025, a interpretação deste aumento depende ainda de confirmação laboratorial e da evolução dos casos notificados nas próximas semanas”, avisam no comunicado enviado à rádio pública.
Primeiro caso em Portugal de variante mais preocupante
À semelhança dos surtos anteriores, nos casos notificados desde agosto, 86% referem-se a homens que tiveram sexo com outros homens. São maioritariamente indivíduos do sexo masculino com idades entre os 25 e os 57 anos.
Nos três momentos declarados como surtos, a Área Metropolitana de Lisboa concentrou 75% dos casos até fevereiro de 2025, entre o total de 1202 infeções nacionais – apenas com duas mortes registadas em doentes imunocomprometidos.
Mas já em outubro, nos dados revelados à Antena 1, conta-se pela primeira vez um caso de infeção da clade Ib, a tal variante mais preocupante. A confirmação surgiu no dia 17 de outubro, num indivíduo sem histórico de viagem e assemelha-se ao padrão observado noutros países da União Europeia. Já foram detetados dois casos em Itália, assim como um em Espanha e outro nos Países Baixos.
Num documento apresentado no último mês, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (CEPCD) considerava que estes cinco casos sem histórico de viagem “representam um padrão diferente de transmissão de infeções da clade I” e “indicam que a transmissão pode estar a ocorrer em redes sexuais entre homens que fazem sexo com homens em vários países da União Europeia/Espaço Económico Europeu”.
Esta referência tem em conta que outros 30 casos anteriores desta variante “foram importados ou tinham ligações claras a casos importados”, sendo que a transmissão posterior ocorreu principalmente entre “contactos domésticos (crianças e outros membros da família)”. Foram registadas sete hospitalizações em que todos recuperaram.
Depois de preocupações iniciais com o risco de infeção e a letalidade da clade Ib, o CEPCD aponta o risco geral de infeção por esta variante como “moderado” para homens que fazem sexo com homens e “baixo” para a população em geral.
O CEPCD defende que a vacina disponível contra a mpox continua a ser protetora contra a doença grave. Para a clade IIb, a eficácia estimada para duas doses é de 82%, segundo o relatório, número que baixa para 20% se a vacina for tomada após a exposição ao vírus.
“A Direção-Geral de Saúde mantém a monitorização da situação de novos casos de mpox a nível nacional e internacional e reforça as recomendações para a vacinação preventiva da população com maior risco de infeção”, afirma.