O presidente da gigante tecnológica Microsoft defendeu esta terça-feira que este é o momento de aplicar salvaguardas no campo da Inteligência Artificial, já que esta é, como qualquer ferramenta, “uma ferramenta e uma arma em simultâneo”.
“Penso que precisamos de salvaguardas para a IA e estamos agora a trabalhar na implementação das mesmas”, afirmou Brad Smith em entrevista ao jornalista Daniel Catalão na Web Summit, em Lisboa.
Na visão do empresário, “a tecnologia está a avançar rapidamente e agora é altura de fazer as perguntas difíceis: quando é que as crianças devem começar a usar a IA? Que tipo de salvaguardas queremos ver nas escolas? Como ajudamos as pessoas a aprenderem a usar a IA de modo a melhorarem as suas vidas? Como ajudamos as pessoas a usar a IA para se tornarem mais inteligentes e a fazerem mais perguntas em vez de menos?”, enumerou.
Questionado sobre se a Inteligência Artificial representa uma ameaça para a humanidade, respondeu que “cada tecnologia é uma ferramenta e uma arma em simultâneo”.
“Uma vassoura pode ser usada para varrer o chão ou para bater na cabeça de alguém”, exemplificou, alertando que “não devemos ser ingénuos”.
“A IA será usada de maneiras positivas e negativas. A única maneira de se construir um futuro melhor é fazermos tudo o que pudermos para espalhar o bem e para garantir que os benefícios estão disponíveis para todos, enquanto implementamos salvaguardas e proteções para desencorajar o seu uso de forma danosa”.

Brad Smith defendeu que, tal como os médicos fazem o juramento de Hipócrates, também quem desenvolve IA deve “garantir que não causa danos” a outras pessoas. “Temos de pensar na humanidade, nas ciências sociais e na ética da IA”, vincou.
O presidente da Microsoft avisou ainda que a Inteligência Artificial vai ficar por muito tempo e é “dos fenómenos tecnológicos mais importantes do segundo quarto do século XXI”, que terá início a 1 de janeiro de 2026.
Questionado sobre como podemos garantir um uso responsável da IA, o empresário respondeu que isso começa com todos aqueles que a criam. “Há um campo novo emergente e a IA responsável é algo em que trabalhamos há quase uma década na Microsoft”, explicou.
“Vemos várias empresas a fazerem o mesmo e, de alguma forma, vemos isso também refletido em novas leis e regulamentos”.As “corridas” mais importantes
Acerca do crescimento da China no setor tecnológico, Brad Smith considerou que este país asiático “tem muito bons engenheiros, tem imensos talentos, inovação e investimento do Governo”.
No entanto, “quer se fale da China, dos EUA, de Portugal ou da UE, há que pensar em duas dimensões, e uma delas é: onde é criada e produzida a IA? Essa é uma corrida”, frisou.
“Mas há uma corrida ainda mais importante. Dado o papel que a IA terá na melhoria de todos os aspetos da economia, a corrida mais importante é saber quem mais usa a IA. Curiosamente, o líder global neste momento não é a China nem os Estados Unidos”, mas sim “os Emirados Árabes Unidos”, disse o empresário.
Em segundo lugar está Singapura, onde quase 60 por cento da população já usa a IA, acrescentou.