Apesar da rápida digitalização global, sabia que muitas economias continuam a operar quase exclusivamente com base em dinheiro físico no seu dia a dia? Uma análise recente a 123 países classifica a percentagem de transações quotidianas efetuadas com notas e moedas, destacando onde o numerário ainda domina e onde se torna uma relíquia.
A dependência do numerário em economias emergentes
De acordo com dados da Forex.se, colocados num gráfico pela VisualCapitalist, o Myanmar lidera este ranking, com 98% de utilização de dinheiro físico, seguido de perto pela Etiópia e Gâmbia, ambas com 95%.
Nestes países, uma grande fatia da população permanece fora do sistema bancário, o uso de Internet é baixo e a maioria dos comerciantes não tem capacidade financeira para adquirir terminais de pagamento automático (TPA).
Consequentemente, o dinheiro físico constitui o meio de troca mais simples, económico e fidedigno. Esta realidade, no entanto, limita a capacidade dos consumidores para pouparem de forma segura ou acederem a crédito.
De um modo geral, o numerário mantém-se omnipresente em nações de menor rendimento e começa a decair à medida que a economia do país se desenvolve. Mesmo países de rendimento médio, como Camboja, Laos e Nepal, registam 90% de uso de numerário.
A vizinha Índia consegue reduzir esse valor para 70%, graças ao sucesso da sua Interface Unificada de Pagamentos, apoiada pelo governo.
As sociedades “cashless” e a ascensão do fintech
No extremo oposto do espetro, as economias avançadas, com ecossistemas de fintech (tecnologia financeira) maduros, estão rapidamente a eliminar as notas e moedas. A Austrália, Islândia, China, Noruega e Coreia do Sul situam-se nos 10%, os valores mais baixos da lista, enquanto os EUA registam 16%.
A banda larga universal, o elevado uso de smartphones e quadros legais robustos de proteção do consumidor conferem aos compradores a confiança necessária para adotarem métodos totalmente digitais. Paralelamente, os comerciantes beneficiam de liquidações financeiras mais céleres e de uma redução dos riscos de segurança associados ao manuseamento de dinheiro.
Existem, contudo, algumas exceções notáveis. O Japão, com 60%, apresenta um valor surpreendentemente alto para uma nação tecnologicamente tão avançada, facto que é auxiliado pela maior utilização de numerário em áreas rurais.
Da mesma forma, os 51% da Alemanha são uma anomalia entre as nações europeias mais ricas, mas tal poderá dever-se mais a questões de privacidade e a uma desconfiança histórica nas grandes instituições bancárias.
Em sentido oposto, a China, um país de rendimento médio-alto, regista apenas 10% de utilização de dinheiro físico. Este valor reflete o seu “salto” direto para os pagamentos móveis (como o Alipay e o WeChat Pay), contornando quase por completo a infraestrutura tradicional de cartões de pagamento.
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