Faife da Costa Costa / Facebook

Faife da Costa gera eletricidade através de uma cebola e de um limão

Cansado dos cortes de energia que o impediam de estudar à noite, Faife, aluno da 11.ª classe na província moçambicana de Nampula, decidiu fintar o destino com um projeto para gerar eletricidade com limão e cebola.

Faife da Costa, de 21 anos, decidiu assim não se vencer pelas oscilações e cortes de energia elétrica que assola o bairro onde vive em Ribáué, a mais de 140 quilómetros da capital da província, Nampula, norte de Moçambique, e colocou em prática o que aprendeu nas aulas.

“Os cortes de energia aconteciam quase todas as noites, e isso dificultava rever a matéria ou fazer os trabalhos de casa. Foi aí que pensei por que não usar aquilo que aprendo na escola para resolver um problema real”, contou à Lusa o estudante na Escola Secundária de Ribáué, por entre um sorriso tímido.

Com apenas fio de cobre e alumínio, o jovem montou um circuito simples, capaz de gerar eletricidade a partir da reação química entre o ácido cítrico do limão e as substâncias presentes na cebola.

O resultado foi surpreendente: uma luz suficiente para iluminar o seu quarto e permitir continuar a estudar.

Trata-se de uma experiência também conhecida por pilha eletroquímica caseira que gera assim uma pequena voltagem, suficiente por exemplo para alimentar uma pequena lâmpada LED.

O projeto de Faife

Apesar de se tratar de um projeto que, nesta fase inicial, produz apenas energia limitada, o estudante vê um grande potencial pela frente: “Por enquanto a minha invenção serve apenas para iluminar a casa. Mas sonho em aperfeiçoar o sistema para que possa também alimentar pequenos aparelhos elétricos, como rádios e carregadores de telemóvel”.

Por outro lado, mais do que uma solução pessoal, o jovem pensa igualmente em expandir o projeto para beneficiar comunidades que ainda vivem sem corrente elétrica, principalmente nas regiões mais recônditas da província.

“Há muitos lugares que vivem na escuridão. Gostava que a minha ideia ajudasse essas pessoas a terem luz e a melhorarem as suas condições de vida”, afirmou.

Entretanto, a falta de recursos e de apoio técnico tem sido um dos principais obstáculos. Mas mesmo assim, o jovem promete continuar firme no propósito de transformar o seu sonho em realidade.

“Se tivesse apoio, poderia testar novos materiais, melhorar o sistema e até criar um protótipo mais resistente e duradouro”, contou, acrescentando: “Quero mostrar que não é preciso muito para mudar alguma coisa. Às vezes, basta acreditar, tentar e não desistir”.

Moçambique às claras até 2030

Moçambique garantiu 434.289 novas ligações à rede elétrica em 2025 no âmbito do Programa Energia para Todos, que está a permitir um crescimento anual de 7%, até à cobertura total prevista para 2030, anunciou na terça-feira o Governo.

“Com a implementação do programa, a taxa de ligação é agora de mais de 500 mil, sendo que para 2025 já foram alcançados 434.289 novas ligações, o que corresponde a 72,4% da meta anual”, afirmou o porta-voz da sessão de hoje do Conselho de Ministros, Salim Valá, que é também ministro da Planificação e Desenvolvimento.

A evolução desta cobertura foi analisada pelo Conselho de Ministros, com Salim Valá a explicar que a execução do Programa Energia para Todos, iniciado em 2019, “permitiu assegurar um aumento médio de cerca de 7% da taxa de acesso”, destacando que antes do lançamento da iniciativa o número de ligações anuais era inferior a 150 mil.

O ministro afirmou ainda que a meta do programa é alcançar cobertura elétrica universal até ao final da década: “O programa permitirá aumentar o nível de acesso para 100% até 2030, garantindo que todos os moçambicanos tenham acesso à energia elétrica”.

Moçambique pretende levar eletricidade a mais 600 mil casas este ano, ultrapassando as 563 mil ligações em 2024, segundo previsões do Governo.


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